Santo Graal: Entrevista exclusiva com Paulo Francioli e Natalia Fay

Santo Graal: Entrevista exclusiva com Paulo Francioli e Natalia Fay

April 27, 2022 0 By Geraldo Andrade
A Revista Freak conversou com o guitarrista Paulo Francioli e a vocalista Natalia Fay, da banda Santo Graal. Eles nos falaram como a banda se formou, das mudanças de formação, carreira, influências, o álbum Dark Roses e muito mais. Confira!
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Foto Crédito: Divulgação Santo Graal

Antes de tudo, quero agradecer por terem aceito o convite para essa entrevista:

Paulo Francioli: Nós agradecemos o espaço, é sempre um prazer ter a oportunidade de falar do nosso trabalho para as mídias e fomentadores da cena.

Infelizmente temos que falar do Covid-19. De que maneira essa pandemia atingiu a banda?
Paulo:
Entendendo o momento da banda, que era de encontro e ensaio, tínhamos acabado de finalizar as gravações do nosso álbum, Dark Roses, e com a entrada de um novo instrumento, o violoncelo, era necessário ensaiar como nunca. Tínhamos lançado o single Sunshine II com clipe e recebido o convite pra abertura do show internacional em São Paulo.
E a pandemia teve dois impactos: o pessoal e o estratégico. Pessoal porque cada um encarou o problema de modo diferente, o medo de se contaminar, e pior, contaminar os parentes mais idosos, fez com que muitos se isolassem. Estrategicamente nós decidimos por fazer atividades separadas cada um na sua casa, e as vezes trabalhando em duplas, aproveitamos o momento para passar linhas harmônicas e desenvolver vídeos no modo quarentena. A cada momento que diminuía a contaminação, aproveitávamos para produzir material de divulgação. E a cada período teve alguém que pegou o vírus, escapando apenas o Paulo e o Thiago. Tivemos momentos tensos com familiares contaminados, mas esperamos que essa página tenha ficado pra trás.
Uma banda vive de shows e não poder fazer show e ver o publico é algo frustrante, mas esperamos que a partir de agora possamos matar a vontade e retornar com tudo aos palcos.

Poderiam falar como surgiu a banda? Surgiu no início de 2000? Já se passaram 22 anos.
Paulo:
Sim, surgiu numa reunião de réveillon, estávamos parados devido aos estudos e resolvemos tocar na virada de ano, começamos na garagem e no fim de noite estávamos tocando no meio da rua, todos estavam querendo ouvir o som da banda. Nessa época tínhamos duas vocalistas e tocávamos nas noites e foi assim até 2006 quando resolvemos juntar todas as composições que havíamos feito e lançar o nosso primeiro CD. Em 2011 a banda deu um tempo, com a saída de integrantes que participavam ativamente das composições, em 2014 voltou a produção do novo álbum que só finalizou com a entrada da Natalia em 2018. Resumindo, muita paciência e carinho com o trabalho que estava sendo produzido.

Vocês são uma banda paraense, como era fazer metal no início dos anos 2000 no Pará?
Paulo:
  A banda nasceu em Belém do PA, mas hoje está radicada em São Paulo e conta com integrantes de vários estados. Como disse no inicio, a banda tocava na noite e os estilos variados do rock como Hard Rock, Metal e Pop Rock. E acompanhamos todos os movimentos da época e íamos inserindo no nosso repertorio. Entre as bandas que estavam no nosso setlist, cito Evanescence, Nightwish e After Forever, no período que a banda esteve em Belém-PA. Até 2007 ainda divulgávamos o primeiro CD que tinha todas as vertentes do rock/metal. Ao contrário que se pensa, o norte do Brasil tem uma cena forte de Rock, fazíamos parte de uma associação chamada Pró-ROCK que contava com mais de 50 bandas. E sempre tínhamos eventos. O Metal Sinfônico sempre fez sucesso em nosso repertorio e nos identificávamos muito com o estilo. Contou muito o sucesso que a música “Whisper”, que representava o estilo, e que ganhou notoriedade nos festivais que participamos.

Vocês lançaram o primeiro álbum “Santo Graal” (2006), falem um pouco desse trabalho de estreia?
Paulo:
  Em 2003 a banda foi participar de seu primeiro festival autoral, o Elos por Elas, concebido pelos integrantes com intuito de valorizar a figura feminina na sociedade. Quando chamamos as bandas, percebemos que não tínhamos um trabalho autoral que possibilitasse um show inteiro e nesse momento resolvemos parar e compor o CD Santo Graal. Foi algo despretensioso, uma coletânea de ideias de uma banda que estava se achando musicalmente. Tem músicas em inglês e em português, tem várias vertentes do rock e metal lá dentro. Em suas resenhas, o CD ganhou notas entre 9 e 7 nas revistas especializadas da época.  Apesar das limitações técnicas de gravação, o CD foi lançado e distribuído pela Monstro Discos até 2020. Músicas como “Whisper” e “Sunshine” abriram muitas portas possibilitando para a banda tocar em vários festivais como o Fest Rock Pará 2005 no qual tocamos com artistas nacionalmente famosos entre as bandas o Capital Inicial e  Los Hermanos que acabaram atrasando e nos possibilitou tocar mais de uma hora para um público gigantesco.

Por que a troca do Pará por São Paulo?
Paulo:
  Em 2007 a banda foi indicada pelo prêmio Dynamite como Revelação Regional, concorrendo com Monobloco e outras bandas que estavam surgindo na cena. Aproveitamos no período do evento pra nos estabelecer em São Paulo já com a ideia de alçar novos desafios e também facilitar a logística para shows. Foi muito difícil pois deixamos dois grandes amigos, o baterista e o baixista que resolveram ficar em Belém.

Do que falam as letras do Santo Graal?
Paulo:
Nossas letras normalmente falam sobre filosofia de vida, um lado mais espiritual do cotidiano. Fizemos algumas críticas também sobre relacionamentos modernos e sobre como os indivíduos são tratados e tratam os outros como coisas descartáveis (Mistake Shadows e Troubled Heart). Algumas de nossas músicas, como Rebirth e Lesser Evil, falam sobre a lei de Ação e Reação e a importância das responsabilidades com suas atitudes.

O último trabalho de vocês, foi o ótimo “Dark Roses”. Fale um pouco do trabalho?
Paulo:
O Projeto do álbum Dark Roses teve início em 2010, quando o compositor Greco Cruz nos apresentou as faixa título “Dark Roses” e a “Open Your Eyes”. Ele estava procurando uma banda para trabalhar composições nesse estilo e coincidiu com nosso desejo de focar no gênero. A partir dai a cada fim de semana um integrante trazia uma ideia e nascia uma música, num total de 15 músicas. De lá pra cá os integrantes que passaram pela banda deixaram suas contribuições, seja com arranjos ou letras, até chegar na formação atual onde tivemos a personalidade de cada integrante inerida nas músicas respeitando a ideia autoral da música. No final peneiramos e chegamos às sete músicas do álbum, e em outubro de 2021 lançamos o single “Lesser Evil”. Ainda temos quatro musicas que queremos lançar, mas ainda não temos datas pois queremos focar nas apresentações e divulgar o que já foi lançado.

Um grande destaque desse álbum, é a participação de Eduardo Ardanuy. Como foi trabalhar com esse músico fantástico?
Paulo:
Em 2011 entramos em estúdio para gravar as músicas e o produtor que estava a frente do projeto era amigo do Eduardo e convidou ele pra participar do projeto. Fomos apresentados e o Edu, que além de um fantástico guitarrista, é uma grande pessoa, conversou conosco e sugeriu que levasse o projeto para ele ouvir em casa com calma e dar suas ideias. Depois de um tempo ele voltou com o projeto e várias faixas de guitarras, e até violão, já gravadas. Ele deu várias ideias harmônicas, o que enriqueceu muito as nossas músicas. Em 2019 entramos em contato com ele anunciando que íamos começar a divulgar as músicas e novamente ele foi muito gentil desejando muito sucesso. Recentemente ele lançou um trabalho fantástico, o “Wild”, mostrando toda a sua genialidade.

Antigos integrantes também participaram de “Dark Roses”?
Paulo:
Sim, quase todos que passaram pela banda nesse período contribuíram de forma direta ou indireta melhorando arranjos ou mesmo consolidando ideias e criando letras. Quando saiu o trabalho, todos comemoraram, ligaram ou mandaram mensagem comemorando o lançamento do álbum. Eu tenho contato com todos e trocamos ideias sobre os passos da banda.

A capa do álbum é linda demais. Quem fez a arte?
Natalia Fay: 
Concordamos que ficou maravilhosa! Quem fez foi o genial Jean Michel Gonçalves de Lima. A arte do CD físico ficou por conta dele também. Link para o trabalho dele: www.dsnsart.com

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Depois desse show, qual os planos da banda?
Paulo:
Pretendemos fazer shows em outras casas em São Paulo, trabalhar no lançamento de novas músicas e quem sabe fazer uma pequena tune pelo Brasil?

No último dia 16/04, vocês foram a banda de  abertura do show de Tarja Turunen, em São Paulo, Como foi esse show show?
Paulo:
Nosso maior objetivo é divulgar nosso trabalho, aproveitando o público do mesmo gênero. Foi um momento único pra todos na banda e aproveitamos cada momento. Preparamos um show com as músicas que compõe o álbum Dark Roses e outras músicas inéditas. Sabíamos das limitações que existem para uma banda de abertura, mas queríamos proporcionar uma experiência muito agradável ao público, e esperamos que mais pessoas conheçam nosso trabalho.

Como foi tocar com um dos maiores nomes do metal mundial? Tarja Turunen? E uma das principais influências de vocês.
Paulo:
Dividir essa noite com o Shaman e com a Tarja foi um sonho para todos nós. Aquecer a galera para esses shows que estão sendo aguardados há tanto tempo foi uma honra e uma responsabilidade enorme. Elevamos a energia do Tokio Marine Hall e proporcionamos a todos um grande show! Colocamos o pessoal em sintonia conosco. Acredito que ao vivo a banda soe muito melhor por contar com instrumento acústico e a Natalia que é um show a parte, ela se destaca com sua performance frente ao publico.

Estou aqui no Sul, em Caxias do Sul, espero um dia ainda poder ver a Santo Graal, aqui pelo Sul, ao vivo. Já receberam algum contato para tocar no Rio Grande do Sul?
Paulo:
Estamos nos organizando para fazer shows em outros estados. Quem sabe não conseguimos fazer um som por aí? Ficaríamos honrados em tocar para vocês!

Um recado para os fãs e leitores da Revista Freak:
Natalia:
Leitores da Revista Freak, convidamos vocês a conhecerem nosso trabalho, que temos investido muito suor! Somos uma banda independente e todo o nosso trabalho é idealizado pelos integrantes da banda. Temos clipes muito bacanas no YouTube, e o álbum Dark Roses pode ser encontrado em todas as plataformas de Streaming! Caso já conheça nossas músicas e vídeos e tenha curtido nosso trabalho, não deixe de apoiar compartilhando! Seus likes e comentários nos mostram se estamos no caminho certo! Fiquem bem e se cuidem.

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Foto Crédito: Divulgação Santo Graal

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