Jaeder Menossi Interestellar Experience: Confira entrevista exclusiva com o guitarrista Jaeder Menossi

Jaeder Menossi Interestellar Experience: Confira entrevista exclusiva com o guitarrista Jaeder Menossi

June 11, 2022 0 By Geraldo Andrade

A Revista Freak conversou com o guitarrista brasileiro Jaeder Menossi. Conhecido pelo seu trabalho com a banda Pop Javali, e agora com seu projeto solo Jaeder Menossi Interestellar Experience. Com 30 anos de carreira Jaeder já realizou participações na banda Busic, tocou junto a músicos como Paul Gilbert. Nessa conversa o guitarrista falou da sua história, bandas, projetos e muito mais. Vale conferir!

jaeder menossi entrevista

Foto Crédito: Divulgação Jaeder Menossi

Você ficou conhecido pelos seus trabalhos com a banda Pop Javali e agora o seu projeto solo Jaeder Menossi Interestellar Experience. Mas gostaria primeiro que você falasse um pouco de como iniciou sua paixão pela guitarra?

Jaeder: Primeiramente, muitíssimo obrigado pelo convite e pela oportunidade de falar aos seus leitores, sou um grande admirador da Revista Freak e do trabalho que desenvolvem. Meu avô materno e meu tio tocavam violão, sendo que meu avô tocava muito bem mesmo, mais calcado em chorinhos, valsas etc., sendo minha grande inspiração no início. Por influência desse tio, aos sábados sempre que possível assistia ao Som Pop, e ficava fascinado com as coisas que via naqueles clipes, um exemplo era o Don Felder e o Joe Walsh do Eagles fazendo aqueles duetos de Hotel California. Também gostava das coisas do Peter Frampton, David Bowie, Frank Zappa, Survivor, Journey, Van Halen, Dire Straits, entre outras atrações que rolavam no programa. Era comum também escutar algumas destas bandas nas rádios FM da época, que tinham uma programação bem abrangente. Esse tio em especial foi bem bacana comigo, me dando total free-pass a sua coleção de vinis e vitrola, me ensinando inclusive a manuseá-la. Eu devia ter uns oito a nove anos nessa época, foi um grande gesto de amor. Lembro de ouvir Al Stewart, Giorgio Moroder, Harpo, Kate Bush, Pink Floyd, todos os vinis que apareciam por ali eu ia colocando na vitrola e conhecendo.

A tradicional pergunta, quais foram suas influências?

Jaeder: Primeiramente meu avô, Vergílio Menossi. Na época que comecei a tocar guitarra as minhas referências eram o Peter Frampton, Jimmy Page, Ritchie Blackmore, Michael Schenker, Eddie Van Halen, Mark Knopler, e guitarristas de bandas progressivas como o David Gilmour, Steve Howe, Steve Hackett, Steve Rothery, Alex Lifeson. Da galera do metal, Adrian Smith e Kirk Hammett. Mais a frente surgiu uma fantástica nova geração de guitar heroes que me influenciaram muito também, Joe Satriani, Steve Vai, Paul Gilbert, Bruce Bouillet, Marty Friedman, Jason Becker, Yngwie Malmsteen, Nuno Bettencourt, Ritchie Kotzen, Dimebag Darrel. Atualmente, os que mais gosto são o Buckethead, Bumblefoot e o John 5. Também queria destacar e enaltecer a importância do trabalho de grandes guitarristas brasileiros, pioneiros como Luiz Carlini, Hélcio Aguirra, Wander Taffo e Edu Ardanuy, que inclusive foi um dos meus professores.

Vamos falar do seu projeto Jaeder Menossi Interestelar”. Como surgiu a ideia desse excelente trabalho?

Jaeder: Obrigado pelo feedback, fico muito contente que tenham gostado! Em paralelo ao meu trabalho com a banda, eu havia composto algumas músicas instrumentais e tive a oportunidade de apresentá-las na NAMM Show de Anaheim, California, em 2020, a convite de meu patrocinador, TESLA Pickups. O feedback foi muito bom e isso me motivou a dar continuidade nestes trabalhos mais focados na guitarra como elemento principal, juntando todas essas influências que pude absorver. Estas foram somadas a algumas músicas cantadas, cujas quais foram desenvolvidas conceitualmente, visando criar um contraste dentro do roteiro do CD, com seus momentos, hora mais pesados, hora mais reflexivos, progressivos…

Quem são os músicos que lhe acompanham nesse projeto?

Jaeder: Tenho a sorte de trabalhar com um time excelente de músicos, Loks Rasmussen (também meu parceiro de Javali) na bateria, Jerê Nery nos vocais, Hugo Mazzotti, no contrabaixo. Também contamos com algumas eventuais participações especiais de Geraldo Martins, que gravou a bateria na faixa “Travel to Neptune”, e de Rodrigo Batista, no contrabaixo. No estúdio os baixos foram gravados pelo produtor Rodrigo Barros, bem como as baterias de “Jupiter Moons” e “Saturn Rings” e os teclados de “Saturn Rings” e “Countdown/Release”.

Vocês lançaram o primeiro e ótimo trabalho. E você comentou que certas músicas não caberiam no Javali. Por quê?

Jaeder: Minha afirmação foi mais no sentido de que certas nuances e detalhes nas composições do Jaeder Menossi Interestellar Experience sugerem um direcionamento mais pro heavy, flertando com momentos mais experimentais, enquanto o Javali estava num espectro mais pro hard-prog, com uma atmosfera até radiofônica em alguns momentos, como “Runaway” e “Singing Along”, que são trabalhos excelentes também, porém propostas ligeiramente diferentes. Acho que a novidade mais saliente são as músicas instrumentais, que até então era um terreno pra mim inexplorado, e que me senti motivado a arriscar. Felizmente o trabalho tem sido otimamente bem recebido e resenhado na imprensa especializada.

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Foto Crédito: Divulgação Jaeder Menossi

O trabalho é uma “salada de fruta”, no bom sentido (risos). Por que temos coisas inéditas, músicas do Javali e composições não aproveitadas. É um apanhado geral de sua carreira?

Jaeder: A meu ver, é um disco bem balanceado e coerente em relação ao roteiro conceitual que ele propõe. Fiz uma pré-produção criteriosa testando várias ordens de playlists até chegar à sequência que mais se alinhava ao time-frame da história que é contada. Quando voltei dos Estados Unidos compus Countdown, Release, Andromeda, Landing at Mars, Out of the Sun’s Range, Starshade pt I e finalizei os arranjos e letras de Starshade pt II e Regretless, as quais já tinha um esboço. Estas se juntaram as três primeiras músicas instrumentais que havia tocado em primeira mão na NAMM, Travel to Neptune, Jupiter Moons e Saturn Rings. Outras duas composições, The Point of no Return e Space Pirates, que ficaram de fora do repertório do CD Life is a Song do Javali, foram reaproveitadas, com algumas alterações nas letras e arranjos. Em que pese haja uma certa distância de tempo entre os três períodos de composições que formataram o disco, as canções se complementam entre si, existe um fio condutor que as conecta, são ideias diferentes com uma certa intenção de semelhança. Penso que o álbum ilustra bem um determinado período criativo, até relativamente curto da minha carreira, e as informações que absorvi neste interregno.

A capa do Interestelar Experience é muito bonita. De quem é a arte e qual o seu sgnificado?

Jaeder: A arte da capa ficou a cargo do talentosíssimo João Duarte, renomado designer que já desenvolveu capas para bandas e artistas do mundo todo. Ele retratou com extrema felicidade o cenário onde o protagonista está inserido e os ambientes hostis e cheios de percalços que ele estaria por enfrentar.

É um trabalho solo de um guitarrista, algumas pessoas vão pensar que só vão encontrar guitarras. Mas o lance de colocar um vocalista, em minha opinião, deixou o trabalho perfeito. Fale um pouco sobre isso? E sobre o vocalista Jere Nery?

Jaeder: Quando fiz a playlist com todos os arranjos que já tinha prontos, notei que alguns deles calhavam melhor para pôr vocais. Lembrei então do Jerê, que havia conhecido em Santo André, durante um show que fiz como sideman para os Busic. Ele foi super solícito e aceitou de pronto, comprando a causa e se dedicando a ela com extremo profissionalismo. As melodias que ele desenvolveu ficaram muito marcantes e acrescentaram um feeling espetacular ao som, notadamente pela sua interpretação única e excelência técnica. Além ser uma pessoa formidável e de elevado bom gosto, são-paulino, ra ra…

Seu trabalho é brilhante e com muita técnica. Podemos dizer que você vive o melhor momento de sua carreira?

Jaeder: Muitíssimo agradecido pelos elogios! Creio que sim, vivo o melhor momento para o meu aqui e agora, acredito que existam momentos ainda melhores por vir, tenho procurado trabalhar o máximo que posso no intuito de melhorar sempre.

E o Pop Javali continua na ativa? Previsão de algum trabalho novo?

Jaeder: O Javali está em stand-by. Temos planos sim, talvez com outros integrantes, talvez com outro nome, estamos trabalhando neste objetivo. Independente do que faremos na sequência, seja com o Javali ou com o Interestellar Experience ou mesmo com algum outro projeto que venhamos a participar, boa parte da base criativa é a mesma, há uma certa assinatura comum a todos estes trabalhos.

Você participou da banda Busic. Fale sobre isso?

Jaeder: Sim, participei e foi uma honra enorme! Eles estavam sem guitarrista e com uma agenda bem sólida de shows e programas a frente. Na época eles estavam produzindo nosso álbum Resilient quando houve o convite para que eu cobrisse essas datas, o que me deixou muito lisonjeado e contente. Os shows foram ótimos, diria até históricos! Também tive a oportunidade de ser sideman nos programas The Noite do SBT e no Estúdio Show Livre. Pra quem tiver a curiosidade de conferir, ambos podem ser facilmente encontrados no Youtube.

Outro momento especial da sua carreira, foi tocar com Paul Gilbert. Como foi viver esse momento?

Jaeder: Sim, é zerar a vida que fala né. Lembro de ver o Paul Gilbert antes do show nos bastidores, mexendo em amplis ali, ajustando coisas na maior simplicidade, a surpresa de perceber que ele era humano ra ra…É aquela sensação de encontrar um super-herói, a gente teima em acreditar que é somente ficção. Ele foi muito gentil, me deixou super a vontade, foi uma conversa musical, com perguntas e respostas, busquei me adaptar a direção que ele estava sugerindo nos fraseados e improvisos. Foi uma experiência incrível, inenarrável! Depois desta gig, encontrei com ele por mais duas vezes, na NAMM de Anaheim de 2019 e de 2020.

Foto Crédito: Divulgação Jaeder Menossi

Um guitarrista nacional e um internacional, que você destacaria hoje em dia?

Jaeder: Pode falar mais de um…. ? Nacionais tenho curtido muito Luis Kalil, Andre Nieri e Matheus Asato. Internacionais, Ritchie Kotzen, Jonh 5, Ron Thal Bumblefoot.

Agora as coisas voltando ao normal, a pandemia começando a diminuir. Quais são seus planos para 2022?

Jaeder: A meta prioritária é fazer o máximo possível de gigs em suporte a esse CD que, devido a pandemia, ainda não havia saído para a estrada. Já fizemos um primeiro evento e no próximo dia 17/6 estaremos no La Iglesia em São Paulo ao lado das bandas The Giant Void e Wolpfire. Não existe nada que se compare a tocar ao vivo, a sinergia de sentimentos e energias que são trocadas com o público são fundamentais para o músico, é como a fotossíntese para a planta. Essa interação foi o que mais senti falta durante esse periodo de COVID.

Você com 30 anos de carreira, qual mensagem passaria para um jovem guitarrista que está começando agora?

Jaeder: O instrumento é o melhor amigo que alguém pode ter. A alegria e o retorno que o instrumento nos proporciona, a disciplina e os valores que ele nos ensina são formidavelmente gratificantes, independentemente do nível de conhecimento e do tempo que se tenha para se dedicar a ele.

Muito obrigado por ter aceito o convite para essa entrevista! E gostaria que você deixasse um recado para os fãs e leitores da Revista Freak:

Jaeder: Eu que agradeço a Revista Freak, meus parabéns pelo magnífico trabalho! Muito feliz em fazer parte desta familia tão especial e certo de que se trata de um marco importantíssimo de credibilidade em minha trajetória artística.

Foto Crédito: Divulgação Jaeder Menossi

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