PAULO BARON ROJO, o empresário mais Rock n’ Roll da América Latina, em Entrevista Exclusiva!

PAULO BARON ROJO, o empresário mais Rock n’ Roll da América Latina, em Entrevista Exclusiva!

August 12, 2019 1 By Edu Rod
Conversamos com PAULO BARON ROJO, um dos maiores e renomados empresários da América Latina, que transformou seus sonhos em realidade através da sua paixão pelo rock!

Paulo Baron está por trás de muitos shows das bandas que você já viu! Roqueiro nato, conseguiu transformar sua paixão pela música em um trabalho de sucesso fazendo com que sua empresa a Top Link Music se tornasse uma das mais importantes produtoras de shows do mundo. Em 30 anos de trabalhos prestados ao rock, Baron tem muitas histórias para contar e mais uma vez fez acontecer, dessa vez em forma de livro, “Rocking All My Dreams”, onde conta toda sua trajetória em uma história inspiradora e leitura obrigatória para os amantes do rock n’ roll.

Entrevista Paulo Baron Top Link Music

Foto divulgação Paulo Baron

Paulo, primeiramente muito obrigado por você nos conceder essa entrevista e para iniciar, gostaria de perguntar sobre o seu livro, “Rocking All My Dreams”, que você lançou recentemente. Como surgiu a ideia de registrar as suas histórias em um livro?

Rocking All My Dreams surgiu por um acaso, com meu parceiro Emerson Anversa, que me ajudou a escrever. Sempre que eu voltava de turnê, ele gostava de sentar para tomar uma cerveja para eu contar as histórias dos países que conheci e as aventuras do showbusiness, por vários anos. Até que um dia ele me disse: “Por que você não escreve um livro? Todas as histórias que você tem podem ajudar muitas pessoas a conhecer como é o showbusiness, suas histórias são incríveis”. E eu brincando falei: “Só se for com você”. Ele disse que não era escritor, e completou que eu conhecia muitas pessoas influentes e jornalistas importantes, mais preparadas para isso, e que eu vinha de uma família de escritores. E então eu disse que ninguém me conhecia melhor que ele,  e que eu não tinha muita paciência de contar isso de novo para todo mundo. No dia seguinte, disse: “Se você topa, estou dentro”, ele aceitou e assim começou nossa história escrevendo o livro.

Entrevista Paulo Baron Top Link Music

Como você se interessou por esse universo por trás dos palcos e qual você considera o primeiro grande show que você produziu?

Eu me interessei pela música desde os sete anos, assim começo meu livro, contando como descobri o Rock. Quando aos 14 anos me mudei para Espanha, pois meus pais iam morar lá, e eu não tinha amigos. A única coisa que me acompanhava era a música, de bandas como Def Leppard, Scorpions e Van Halen. De repende vi um cartaz do Scorpions em Barcelona. Eu não podia acreditar, sendo um mexicano, pois era impossível ver uma banda como essa lá. Fui no show e a partir daquele dia decidi que queria fazer parte do showbusiness.  Nunca fui bom tocando instrumentos, e não sabia onde poderia me encaixar. Mas sabia que queria fazer parte disso. E depois, já com 18 anos, na Inglaterra, comecei a fazer faculdade de cinema. Minha ideia era fazer videoclipes, e assim poder entrar e conhecer as pessoas por trás do mundo da música. Assim fui conhecendo pessoas e considero que o estopim disso tudo foi o primeiro show que eu participei, com vários promotores, com o Sepultura. Mas não considero esse meu momento que me consagrou como verdadeiro promotor. Acredito que em 1993, quando fiz shows de Rick Wakeman, foi que senti que estava preparado para ser um produtor de verdade. Entretanto, já tinha feito vários shows, pois a Top Link Music começou em 1989, na Inglaterra.

Entrevista Paulo Baron Top Link Music

Paulo Baron e Motorhead / Foto divulgação Paulo Baron

Alguém que te inspirou ou foi uma influência na sua carreira?

Sim, eu acho que um cara que eu agradeço e creio que foi minha grande influência, inclusive comento no meu livro e tenho sorte dele ter comentado uma passagem nossa, é o José Muniz Neto, dono da Mercury Concerts. Um cara que tenho amizade e carinho enorme. Ele me deu oportunidade de trabalhar com Rick Wakeman na época. Tento me espelhar no jeito de trabalhar do Muniz. E ainda depois desses 30 anos de showbusiness, ainda considero e respeito muito ele, e o considero o maior produtor da América Latina.

Você fez o Live N’ Louder Festival, que teve 3 edições no Brasil. Pela grandiosidade do evento, você considera que esse foi o maior desafio da sua carreira?

Um festival tem grandes desafios, você trabalha com muitos artistas e naquela época não tínhamos patrocinadores. Não sei se seria o maior desafio que tive, pois trabalhar com Scorpions por 7 anos foi bastante desafiador, os shows eram muito grandes e a produção tinha que ser impecável. Mas sim, posso falar que foram momentos muito grandiosos ter feito os Live N Louder, pois sei também o que significou para o Brasil ter feito isso.

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Paulo Baron e Klaus Meine / Foto divulgação Paulo Baron

Na segunda edição do festival, o David Lee Roth (que por sinal sou um grande fã e agradeço por ter trazido), foi o headliner e me pareceu que aquele show marcou um retorno dele aos grandes palcos. Você concorda que esse show especificamente pode ter tido uma grande influência no retorno e ascendência novamente na carreira de David Lee?

Sim, de fato quando chamei o Dave Lee Roth, parecia uma loucura. Ele não estava tocando ao vivo. Li uma matéria que ele pensava em voltar aos palcos. E foi engraçado, consegui trazê-lo, uma coisa inédita. O show foi incrível, realmente um grande orgulho ter trazido uma das lendas do Rock mundial. Uma de minhas bandas favoritas é o Van Halen, me senti muito realizado aquele dia.

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Paulo Baron e David Lee Roth / Foto divulgação Paulo Baron

Podemos esperar mais uma edição do Live N’ Louder no futuro?

Eu não sei se existiria um novo Live N’ Louder. Consegui meus objetivos naquele momento. Era um momento que precisava fazer isso. Gosto de me colocar desafios. Quando sinto que estou na zona de conforto, isso me incomoda. Sempre busco novos desafios. Consegui atingir isso, e foi bem desenvolvido. Não sinto vontade de fazer mais uma vez. Mas nunca diga nunca. Se um dia surgir oportunidade ou necessidade, por algum motivo especial, quem sabe. Sei que marcou para as pessoas esse festival, isso me deixa muito orgulhoso.

Você cita no livro ter passado por situações complicadas com alguns músicos que não quiseram subir no palco para tocar ou outras atitudes inesperadas dentro e fora do palco. Você já deixou de contratar alguma banda por receio desse tipo de atitude, mesmo sabendo que estava no momento certo e seria um grande evento? Qual o seu critério para contratar uma banda?

Passei várias situações desagradáveis, com artistas que realmente foram complicados. Normalmente evito ter esse tipo de contato. Para mim não existe valor monetário que pague sua tranquilidade. Hoje busco ser feliz, e a música faz parte disso. Trabalho há 30 anos com isso, seria tolice minha, com tantos artistas por aí, buscar os que são complicados, apenas para ganhar dinheiro. Creio que nesse momento estou tentando manter a chama acesa, o amor pela música. E com certeza trabalhar com artistas que não são do meu agrado não ajudaria em nada. Por isso escolho os meus artistas, já há anos, pelo tipo de atitude que eles tem. Claro que às vezes podem surpreender. Mas na Top Link Music uma teoria que sempre tive foi só fazer bandas que eu gosto. Pois, seja como promotor, se perder dinheiro ao menos estarei no melhor lugar assistindo o show. Por isso, sempre que faço um show, tentamos dar o melhor, com a melhor qualidade possível.

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Paulo Baron, Nicko McBrain e Matthias Jabs / Foto divulgação Paulo Baron

Você já se decepcionou ou se surpreendeu positivamente ao conhecer algum grande ídolo? Algum fato ou situação curiosa sobre as grandes bandas que você possa nos contar?

Sim, já me decepcionei algumas vezes com artistas, principalmente quando tentei ajudar ou fazer algumas coisas. Por exemplo: O Michael Schenker me decepcionou, Zakk Wylde, Wes Scantlin (Puddle of Mudd) e Dave Mustaine me decepcionaram. O Mustaine principalmente, pois gosto muito de Megadeth. Ao mesmo tempo, tive gratas surpresas, com pessoas que diziam serem complicadas, e comigo foram incríveis, como o Dave Lee Roth, os Scorpions – com os quais tenho amizade praticamente de família – e o Chuck Berry, que sempre foi tido como muito complicado. E também o Jerry Lee Lewis. Foram incríveis comigo, tive essa dádiva.

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Paulo Baron e Dio / Foto divulgação Paulo Baron

De todos os artistas que você conheceu, qual você era mais fã? Alguma banda que você como fã gostaria de ter trabalhado e ainda não teve oportunidade?

Eu tive oportunidade de trabalhar com todos os artistas que eu quis. A única banda que eu sou muito fã e nunca me dei a oportunidade de fazer, pois preferi não fazer, foi o Def Leppard. Decidi manter esse lado fã dentro de mim. Tive medo de que por alguma situação, não saísse algo bem e me decepcionasse com eles como pessoas. Quero manter para mim essa chama acessa, do fã. Por isso que os mantive como artistas que eu não quero produzir shows, por mais que eu adore a banda. Dos artistas que trabalhei que eu era mais fã, a banda de meu coração e foi incrível ter trabalhado com Scorpions, ter amizade com eles é incrível. Mesma coisa com David Lee Roth, ou então Chuck Berry e Jerry Lee Lewis, por serem criadores do Rock. Isso me coloca como parte da história. O Rock começou com esses grandes caras. Isso é uma coisa que não tem preço. Ter trabalhado com Dio, tanto solo como com Heaven & Hell, foi uma experiência inacreditável, pois eu era muito fã do Dio, foi incrível. Me tornar amigo do Dee Snider e hoje ter ele escrevendo o prólogo do meu livro é também uma coisa inacreditável.

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Paulo Baron e Dee Snider (Twisted Sister) / Foto divulgação Paulo Baron

Com muitas grandes bandas terminando ou anunciando aposentadoria, como Kiss, Sabbath, Motorhead, Slayer, entre outros, qual o futuro que você vê para os grandes eventos e você acha que as bandas atuais podem vir a se tornar tão grandes como essas?

É muito triste ver que todas essas lendas, esses mitos, esses ídolos, estejam já morrendo. Alguns deles muito mais velhos e possivelmente em mais 5 anos não teremos mais dessas bandas nos grandes festivais ou fazendo turnês. Isso me deixa muito triste. Inclusive um dos motivos desse meu livro é valorizar isso. Tive a oportunidade de ter trabalhando com essas lendas, incrível que muitas já se foram, e outras continuam seguindo. Há pouco tempo atrás perdi um de meus melhores amigos, André Matos, do qual fui empresário, tanto no Shaman quanto em carreira solo. E você vai vendo que essas coisas vão acontecendo de maneira mais regular. Acho que surgirão bandas novas, que estão por aí, mas nunca como foi o Rock dos anos 70 e 80, onde realmente tínhamos super heróis. Esses novos artistas que estão vindo e começando a ser headliners de festivais, não tem a mesma pegada de super heróis, infelizmente.

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Paulo Baron e Angra / Foto divulgação Paulo Baron

Quais os planos futuros da Top Link Music? Algum show que possa adiantar?

Eu vou criando os futuros da Top Link conforme acontecem as coisas. Nesse momento, estamos com algumas turnês, como sempre, como Angra, Massacration e Malta, das quais somos empresários, Symhpony X, Nazareth e The Sisters of Mercy. Temos algumas datas de Europe em alguns países, e Saxon, em outros. Acredito que nesses 30 anos de showbusiness fiz muita coisa importante. E o futuro da Top Link Music é poder continuar nos divertindo e podendo levar música de qualidade. Tem alguns artistas que tenho interesse em trazer, mais por gosto pessoal. Vamos ver se consigo.

Entrevista Paulo Baron Top Link Music

Tarja Turunen e Paulo Baron / Foto divulgação Paulo Baron

Paulo, muito obrigado novamente e para finalizarmos, com toda a sua carreira de sucesso, mais algum sonho à realizar?

Muito obrigado à vocês pela entrevista. Bom que leu o livro, espero que tenha gostado. Esse livro fala sobre você, eu, roadies, técnicos de som, músicos, diretores de revistas ou fotógrafos de músicas, todos os que fazemos o showbusiness. Sou simplesmente um personagem, mas todos nos refletimos nisso. Creio que sempre temos que seguir nossos sonhos. Sonhar é muito importante, mas realizá-los é o ápice. E depois buscar mais sonhos para seguir buscando para se realizar. Creio que é disso que se trata a vida. Estou constantemente buscando novos sonhos. Quem sabe ganhar um Grammy com alguma banda que eu represente, quem sabe algo diferente. Fazer coisas diferentes é o que me estimula, fazer a diferença. Muito obrigado.

Veja abaixo alguns vídeos com a participação de Paulo Baron:

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