Entrevista Exclusiva com o guitarrista revelação KIKO SHRED!

Entrevista Exclusiva com o guitarrista revelação KIKO SHRED!

August 1, 2021 0 By Geraldo Andrade

Tivemos a honra de conversar com o guitarrista brasileiro KIKO SHRED, que contou sobre sua carreira e a experiência de tocar com os grandes vocalistas do metal como Tim “Ripper” Owens, Blaze Bayley, UDO e Andre Matos. Confira!

Atualmente temos tido ótimos representantes brasileiros tocando com grandes nomes do metal mundial e o guitarrista Kiko Shred é um deles. Contando em seu currículo com participação em bandas de músicos como Tim Ripper Owens e Blaze Bayley, além de sua carreira solo, Kiko já tem muitas histórias para contar.  Fomos conhecer um pouco melhor esse guitarrista que tem sido uma das maiores revelações da guitarra atualmente no Brasil. Check it out!

kiko shred entrevista

Foto Divulgação Oficial Kiko Shred

Gegê: A gente tinha que conhecer esse cara que tá arrebentando na mídia! Você pode falar um pouco da sua história?

Kiko Shred: Bom, eu comecei a tocar guitarra muito novo, acho que com nove para dez anos tive minhas primeiras aulas de guitarra e desde então estou sempre estudando e me aprimorando. Minha primeira gravação acho que foi em 98 e de lá pra cá toquei em muitas bandas, acompanhei muitos artistas e em 2015 lancei meu primeiro trabalho solo que foi o ‘Riding the Storm’, é um CD mais voltado para música instrumental e até então a minha ideia era lançar um CD solo para usar as músicas em workshops, sem grandes pretensões. Daí em diante muita coisa legal aconteceu, como a oportunidade de acompanhar músicos internacionais e foi permitido levar meus discos para vender, então foi muito proveitoso! Eu fiz tudo sozinho, banquei tudo, gravação, arte, prensagem e teve uma excelente vendagem. Depois em 2017 eu gravei o álbumThe Stride’, que tem um formato mais de banda, com músicas cantadas, onde chamei o Sergio Faga, vocalista do Children of the Beast e tem a participação do Michael Vescera, que foi vocalista do Malmsteen, Loudness, Dr. Sin, e as coisas começaram a se desenvolver, crescer mais. Fiz muitos trabalhos para a produtora Open the Road, que geralmente traz os artistas solos, vocalista internacionais e forma a banda no Brasil e fui seguindo. Lancei o álbum ‘Royal Art’ em 2018, toquei no projeto Metal Singers, que teve Andre Matos, Udo, Blaze Bayley e Doogie White, que eram os 4 vocalistas na mesma noite e a mesma banda acompanhando os 4 vocalistas e fui ampliando minha rede de contatos, vendendo os discos e assim  estabelecendo minha carreira solo.

Já o álbum ‘Rebellion’ já tem mais ainda o formato de banda tanto que vai sair no exterior com o nome Kiko Shred´s Rebellion, que foi sugerido pela gravadora da Alemanha que eu adotasse um nome mais de banda e seguimos a tradição dos guitarristas que usam o apóstrofo no s como como Ritchie Blackmore’s Rainbow, Malmsteen’s Rising Force, e é isso ai!

kiko shred entrevista

Foto Divulgação Oficial Kiko Shred Rebellion

Gema: Qual foi o primeiro vocalista gringo a te chamar?

Kiko Shred: O primeiro foi o Tim “Ripper” Owens em 2014, e foi muito engraçado porque foi em um show chamado “VR no Rock” que foi em Volta Redonda, com Sepultura, Dr. Sin, Kiara Rocks e tinha também o Tim e o Blaze Bayley. Esse era o show mais importante da turnê, o guitarrista contratado não pôde fazer e me ligaram  para substituí-lo, só que com o show iria acontecer em cinco dias e com um repertório muito difícil, acho que foi o ‘Live In London’ do Judas Priest inteiro, eu não fiz ensaio e fui assistir o show anterior deles em Limeira para me familiarizar com o repertório e ver como eles estavam fazendo e já fui direto com a van da banda, mas o Tim não estava na van, só encontrei ele no backstage e ele nem sabia que eu ia tocar naquele show, foi uma prova de fogo! Toquei super nervoso mas consegui fazer um bom trabalho e fui chamado para os próximos e até 2019 eu estava na banda do Tim Ripper para a America latina, foi um trabalho que me abriu muitas portas.

Gegê: Inclusive eu vi um vídeo que vocês estão tocando aqui em Bento Gonçalves.

Kiko Shred: Foi no “Ferrovia do Rock” em 2015 e foi a primeira tour que eu fiz completa com o Tim, uma turnê no Brasil de norte a sul, fomos até o Piauí, talvez a primeira turnê que eu tenha feito mais longa, foi muito bacana!

Eduardo: É tranqüilo tocar com ele?

Kiko Shred: Olha, foi um grande aprendizado para mim, porque é diferente quando você está com a sua banda, com os amigos que você sai e se diverte é uma coisa, quando você é contratado já é bem diferente, já chamaram  a minha atenção… uma coisa legal é que sempre reclamaram do volume da minha guitarra e com o Tim Ripper eu abaixei o volume para não correr o risco dele reclamar, só que ele mandou aumentar o volume da guitarra no microfone, é uma outra visão, e assim eu fui aprendendo.

Eduardo: Então o cara é gente boa!

Kiko: É gente boa sim, tanto que em 2019 teve uma turnê e ele pediu para eu incluir uma música instrumental minha no set list e isso foi muito legal, porque ele é muito exigente, esses caras que passaram por grandes bandas são muito perfeccionistas, se preocupam em manter o nível.

kiko shred entrevista

Tim ‘Ripper’ Owens e Kiko Shred / Foto Fonte Facebook Oficial Kiko Shred

Gema: Gema: Você falou uma coisa muito interessante, entrevistamos o Blaze Bayley e ele tem essa preocupação de manter o nível sempre lá em cima porque ele foi o vocalista do Iron Maiden. Ele também é um cara bem legal, não acha?

Kiko Shred: Também foi muito legal tocar com ele. Ele é meio bipolar na verdade, você pode encontrar ele bem um dia, muito brincalhão ou pode encontrar em um dia de poucas palavras, aí é melhor nem chegar perto.

Gema: O que achou dele como vocalista? Tinha nível para tocar no Iron Maiden?

Kiko Shred: Todo mundo sabe que as músicas do Bruce Dickinson são muito difíceis de cantar. As músicas do Iron com o Blaze Bayley eu acho legal, mas para executar o repertório antigo, e eles fazem questão de tocar no tom original, aí o Blaze não tem alcance para cantar algumas notas do Bruce Dickinson, isso é óbvio, não tem como, seria a mesma coisa que o Dream Theater chamasse o Nicko McBrain para tocar, é um excelente baterista, mas no Iron Maiden, não conseguiria levar um Dream Theater, acho que seria mais ou menos a mesma situação. Ele faz um show legal, mas para tocar as músicas do Bruce eu acho que deveriam ter considerado baixar o tom para facilitar para o Blaze, ele não tem esse alcance. Para o próprio Bruce hoje em dia já não está muito fácil.

Eduardo: E o Udo é outra figuraça também né?

Kiko Shred: O Udo já é um cara que continua cantando igual aos anos 80, não desafina uma nota, acho ele um vocalista sensacional, mas baixamos um pouco o tom, eu acho que não perde em nada, fica até um pouco mais pesado, mais atual. Ele é muito gente boa também!

kiko shred entrevista

Foto Divulgação Oficial Kiko Shred

Gema: E essa honraria no México?

Kiko Shred: Isso foi uma coisa que me pegou muito de surpresa! Eu fui acompanhar o Michael Vescera, pela produtora Metal Union, e a gente fez quatro ou cinco shows e eu fiquei mais uma semana para fazer uns Workshops, no último show que foi na cidade do Mexico, foram uns caras do gabinete da presidência que curtiam metal e curtiram muito o show, passaram uns dias, entraram em contato com o manager e falaram que os caras do gabinete queriam almoçar comigo, levar uma guitarra para eu autografar e aquilo me surpreendeu porque a gente que está no underground não é acostumado com essas coisas, achei muito legal!

Gema: Você imaginou quando era novo que chegaria tão longe?

Kiko Shred: Depois que passa anos é que vamos refletir e pensar nas coisas que aconteceram, ainda mais nesses tempos de pandemia, com o fim dos shows parece que deu uma regredida e a gente começa a lembrar das coisas boas e dos dias de glória, parece que nem foi com a gente!

kiko shred entrevista

Foto Divulgação Oficial Kiko Shred

Gegê: E essa paixão pela guitarra e o rock, como começou?

Kiko Shred: No começo dos anos 90 o rock era muito popular no Brasil, com o Guns N’ Roses, festivais, rock em novelas,  naquela época o som da molecada era o rock, então na escola era comum falar sobre Black Sabbath, sempre tinha alguém que tocava guitarra, era normal, muito diferente do que é hoje. Fui apresentado ao rock n’ roll pelos amigos, meu primo que já tinha uma guitarra, foi mais ou menos assim.

Eduardo: E quais são os guitarristas que te influenciaram ou que você curte?

Kiko Shred: Dos guitarristas internacionais, os mais importantes para mim são  Malmsteen, Blackmore, eu gosto demais desse estilo porque eu estudei violão clássico e essa união do rock com a música clássica sempre me fascinou, gosto também de Steve Vai, Joe Satriani… dos guitarristas dos anos 80 eu gosto muito também do George Lynch, de toda essa galera desse estilo mais virtuoso.

Nos anos 90 tinha muita videoaula e a gente ficava assistindo na escola de música, era o point da galera, era muito legal. Depois vieram também as videoaulas dos guitarristas nacionais como Kiko Loureiro, Edu Ardanuy, Frank Solari e esses caras foram grandes influências para mim também! Curto muito blues, Stevie Ray Vaughan, B.B. King, Albert King, John Lee Hooker.

kiko shred entrevista

Foto Divulgação Oficial Kiko Shred

Gema: E você chegou a tocar com o Andre Matos?

Kiko Shred: Sim, nessa turnê do ‘Metal Singers’, que foi a última turnê internacional do Andre, ele não foi no ensaio e eu conheci ele cinco minutos antes do show em Lima no Peru, o show estava lotado e ele chegou lá muito calmo, ajustou o teclado e nos falou para ficarmos tranquilos que tudo ia dar certo, fizemos o show e foi muito bom! Deu aquele nervosismo conhecer ele cinco minutos antes do show, eu já sou ansioso, pensava comigo se ele sabia sobre minhas partes junto com o teclado, mas deu tudo certo, o cara é muito profissional, muito experiente, tinha o público na palma da mão, ele é um dos grandes da história do rock, foi uma aula tocar com ele.

Gegê: Você trabalhou em um álbum com o Mário Pastore, eu acho um dos melhores vocalistas do Brasil, fala desse trabalho com ele?

Kiko Shred: Sim, foi no terceiro disco, ‘Royal Art’, o segundo foi com o Sergio Faga, do Children Of The Beast, e quando cheguei no terceiro disco eu queria me  apresentar como banda e pensei em chamar um cara mais focado na carreira autoral e decidi chamar o Mário Pastore, conversamos e combinamos em fazer um show juntos, que foi a abertura do Edu Falaschi em São Paulo e a partir desse show começamos a falar em fazer um disco, tivemos a produção do Andria e Ivan Busic que foi muito legal, foi um marco na minha carreira. Lançamos um clipe de “I Will Cast No More” que teve muita visualização, rolou nosso primeiro show internacional que foi em um festival no Chile, foi um marco realmente, muito bom trabalhar com ele.

Eduardo: E para esse seu último disco, você tem planos de fazer uma turnê fora do Brasil depois que essa pandemia passar?

Kiko Shred: Acho que é o próximo passo, o que eu preciso. Já toquei na America Latina toda mas ainda não fui para a America do Norte e Europa e eu gostaria muito poder me apresentar na Europa e agora com a gravadora acredito que seja uma porta. Acho que é o próximo passo e algo que eu sonho muito.

kiko shred entrevista

Gegê: E essa banda agora é fixa?

Kiko Shred: Eu pretendo manter a formação sim, só no show de lançamento no Manifesto que o vocalista teve um problema de refluxo e não pode fazer para se resguardar, mas agora já se recuperou, estamos retomando os ensaios e vamos manter essa formação que é muito bacana.

Gegê: E os Workshops vão continuar?

Kiko Shred: Eu sempre gostei de fazer Workshop de guitarra, de ter essa proximidade com a galera, conversar sobre guitarra, estou lançando meu curso ‘Rock & Metal Techniques’, um curso aonde abordo as técnicas usadas no rock e no metal, está super completo e eu gosto muito de ensinar, eu comecei a dar aula bem cedo como monitor na escola aonde fui aluno em 97 e até hoje dou aulas. Durante a pandemia comecei a dar aulas por Skype e agora estou tendo alunos do mundo todo. Foi uma forma de expandir, algo que eu não pensava. Eu tinha alunos presenciais e ficava sempre envolvido com os shows, turnês, toquei em bandas covers em pubs e eu curto bastante a energia, então a aula online eu não fazia, comecei por causa da pandemia. Depois dos rumores da segunda onda do covid eu pensei em fazer o curso online porque vi que os workshop e shows não iriam começar tão cedo no Brasil, mas não vejo a hora de voltar a fazer trabalho presencial, sinto muita falta disso.

Gegê: E quem quiser fazer aula com você, o curso online, como pode te encontrar?

Kiko Shred: Pode me procurar no instagram @kikoshredoficial e pode me escrever que eu respondo rapidamente.

kiko shred entrevista

Foto Divulgação Oficial Kiko Shred

Eduardo: A gente queria te agradecer e dizer que você é muito talentoso, toca muito, te desejar muito sucesso!

Kiko Shred: Eu que agradeço a todos vocês pela oportunidade, muito obrigado!

Assista a entrevista na íntegra abaixo:

Confira alguns Vídeos de Kiko Shred:

Discografia

kiko shred discografia

“Rebellion

Kiko Shred

2021

kiko shred discografia

“Royal Art

Kiko Shred

2018

kiko shred discografia

“The Stride 

Kiko Shred

2018

kiko shred discografia

“Riding The Storm”

Kiko Shred

2015

marcelo gema

Gema

Gema. 46 anos dos quais 32 foram consumindo e tocando Rock n Roll.
Baterista, de bandas da cena de são Paulo e agora fazendo rock n roll na Espanha com a banda THE ROCK MEMORY.

eduardo rod

Edu Rod
Designer e músico apaixonado por arte e rock n’roll. Gaúcho de Porto Alegre, já morou em São Paulo, Nova York e atualmente reside em Madri, na Espanha. Em seu currículo como músico tem passagem como baixista das bandas Rosa Tattooada (Porto Alegre), Jungle Junkies (NY) e Monodrive (SP).

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