Entrevista exclusiva com o guitarrista e baixista da banda Ego Kill Talent, NIPER BOAVENTURA!

Entrevista exclusiva com o guitarrista e baixista da banda Ego Kill Talent, NIPER BOAVENTURA!

October 16, 2020 0 By Edu Rod

Conversamos com o guitarrista e baixista da EGO KILL TALENT, NIPER BOAVENTURA, que nos atendeu diretamente de sua casa em São Paulo, via Skype, e contou sobre a trajetória de uma das bandas de maior destaque no Brasil e no exterior atualmente.

Formada em 2014 pelo ex-baterista do Sepultura, Jean Dolabella e Theo Van Der Loo, a Ego Kill Talent é seguramente uma das bandas brasileiras de maior expressão no exterior atualmente. Já deixou sua marca nos maiores festivais do mundo como o Lollapalooza, Rock in Rio, Download Festival, além de abertura de grandes nomes como Foo Fighters, System Of A Down e estão garantidos para aquecer a passagem do Metallica pelo Brasil assim que tudo normalizar. Aproveitamos a folga da quarentena e fomos conversar com o baixista e guitarrista Niper Boaventura, que nos atendeu de sua casa em São Paulo e contou grandes histórias dessa trajetória meteórica e tudo que está por vir. Check it out!

entrevista niper boaventura ego kill talent

Foto Divulgação Niper Boaventura / Ego Kill Talent

Eduardo: Como é que você foi parar em São Paulo? Você tinha uma banda antes né? A Pull Down de Erechin!

Niper: Moro aqui desde 2008. A gente tocava muito em São Paulo e começou a ficar caro para o contratante fazer o translado, iríamos mudar para Curitiba onde tinhamos o maior público da banda, mas aí um amigo me disse: “se é para levantar o acampamento que seja logo para o grande centro”, cheguei aqui para o lançamento do disco que estávamos fazendo, e para a história ficar mais “divertida”, a galera da banda não veio, me abandonou, mas cada tinha seus motivos e o único que ficou foi o roadie. Mas depois de 2 finais de semana eu tinha uma banda pronta em São Paulo e no fim deu tudo certo!

Eduardo: Pois é, toda mudança é difícil, mas no fim deu muito certo, porque você está com uma puta banda de sucesso.

Niper: Está sendo muito legal, tudo dando muito certo. É trabalhoso, mas gratificante demais! Estamos no top 50 das rádios dos Estados Unidos, surreal! Tá rolando, é um presente!

Eduardo: E como você parou na banda?

Niper: Eu conheci o Rafa, em um evento, acabamos fazendo uma ‘jam’ tocando Metallica e ficamos amigos. Depois eu fui ao show do Ego Kill Talent quando apareceu, sempre fui muito fãs deles e me impressionou, me fez ver que eu precisava ensaiar mais com a minha banda. Um tempo depois ele me ligou e me convidaram para entrar na banda. Na hora pensei na minha banda que já tinha 15 anos estava com tudo engatilhado. Óbvio que era tentador, mas eu fui muito pé no chão e joguei um micro-balde de água fria, falando que faria a parte da turnê que já estava marcada e na volta conversaríamos, mas foi demais e fiquei na banda.

entrevista niper boaventura ego kill talent

Foto Divulgação Ego Kill Talent 

Eduardo: E uma trajetória rápida e meteórica né?

Niper: É doido porque a galera acha que é de repente, mas tem anos de correria e carreiras individuais dos integrantes que ao se juntar atinge mais gente. A gente se encontrou e se deu muito bem musicalmente, tocar com eles é um privilégio. Quando te convidam pra tocar, eu acho que é o maior elogio que um músico pode receber, é um elogio à sua performance, apesar de terem dito em uma live que a parte determinante para eu entrar na banda era por ser um cara legal! (risos), claro que foi uma brincadeira e o Rafa falou depois que chamou a atenção que eu sabia tocar, cantar, fiz muita coisa sozinho, mas acredito que o principal é a relação, na mesa de família, o resto é consequência desses momentos. A gente curte estar juntos!

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Foto Divulgação Niper Boaventura / Ego Kill Talent

Gema: E quanto que atrapalhou esse lance da Covid?

Niper: Levamos uma rasteira bem forte, tínhamos assinado com a BMG um contrato mundial, muitos contratos gigantes, gravamos o disco e duas semanas antes de sair para uma tour de 60 shows que ia começar com o Metallica aqui no Brasil, íamos direto para o Mexico, fazer festivais com o Metallica no EUA,  com o System Of A Down na Europa e de repente acontece isso. Já estava tudo armado, vendo quem ia cuidar do meu gato, me cuidando fisicamente, fazendo tudo que se faz em uma pré tour e de repente tudo parou! A primeira coisa que eu pensei mas foi que as pessoas precisaram de música e arte e foi o que aconteceu, os streamings bombaram e eu comecei a pensar em como fazer isso, porque a estrada, o ao vivo não sabemos quando irá acontecer. Aí primeiro veio a relação pessoal, como cada um lidou com isso, família, dificuldades, somos cinco pessoas antes de sermos o Ego Kill Talent, juntando tudo isso com a expectativa que tínhamos, pra cabeça ‘flipar’ é muito fácil! Primeiro nos preocupamos em ficar em paz com nós mesmos, entre nós principalmente e entender que o sofrimento não vai mudar nada, você pode escolher entre sofrer ou tentar fazer algo, a partir daí se reestruturou todo o planejamento com a gravadora, shows, o Metallica ainda está marcado para dezembro, mas eu sinceramente não acredito que vá acontecer! O que foi legal é que mesmo sendo uma banda iniciante nessa carreira mundial e no meio de grandes bandas, é preocupante de ser descartado, mas todos eles, a gravadora, os festivais fizeram questão de nos tranquilizar e avisar que quando voltar estamos dentro! Tem até coisas positivas, estamos há cinco semanas no Top 50 dos EUA e nunca tocamos lá. Quando voltar vai ser glorioso pra todo mundo!

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Foto Divulgação Niper Boaventura / Ego Kill Talent

Eduardo: Na Pull Down você tocava guitarra e cantava, agora está fazendo  baixo também. Você já tinha sido baixista em alguma banda ou começou com o EKT?

Niper: Eu comecei tocando baixo na minha primeira banda de escola. Meu colega já tinha uma guitarra e sobrou o baixo pra mim. Apesar da sua importância ele sempre é o que sobra!  Eu até me inspirava um pouco no Humberto Gessinger, foi importante para me encontrar como baixista e vocalista, depois veio Geddy Lee, entre muitos outros. Depois com a necessidade de compor, comprei uma guitarra, mas meu primeiro instrumento foi o baixo.

Gegê: Eu assisti vocês abrindo para o Korn em Porto Alegre e confesso que fiquei confuso com toda a troca de instrumentos, é muito legal, como surgiu essa ideia?

Niper: Cara, é muito natural! Na banda não tem nenhum baixista, nunca teve, mesmo antes de eu entrar. Todos tocam guitarra, até os dois bateras, então quem compôs, quem gravou a música, vai para o show do mesmo jeito e mesmo tendo texturas diferentes, tudo fica no mesmo lugar, até as pegadas dos músicos são muito parecidas, principalmente os bateras que poderiam ter mais problema, usam o mesmo kit. Não tem nada combinado, simplesmente acontece, é natural! Uma coisa que o Jean sempre fala que acho legal, é que é o desprendimento do “herói” do instrumento, guitarrista, baterista, nós somos um organismo vivo em prol da música, a química deu certo!

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Foto Divulgação Niper Boaventura / Ego Kill Talent

Gegê: E o Rock In Rio, como foi tocar lá?

Niper: Toda vez eu penso que já toquei no Rock In Rio duas vezes e é meio doido. É um festival conhecido no mundo inteiro. E também passa na televisão, é muito grande. Esperamos voltar no palco maior um dia!

Eduardo: Vocês também tocaram em uma arena medieval na França, abrindo pro System Of A Down, que é demais!

Niper: Quando me perguntam, qual foi  o show mais foda, esse é o primeiro que vem na minha cabeça! É uma arena construída antes de Cristo, onde realmente existiam gladiadores. Você entra no palco por onde os gladiadores entravam na arena, é uma sensação indescritível! Um lugar onde o Rammstein e o Metallica gravaram Dvd’s, tem toda uma magia. No nosso spotify tem umas faixas ao vivo gravadas lá. A sensação de estar em um coliseu, construído não sei quantos anos antes de Cristo, imaginar tudo que passou lá, foi um privilégio. Poder viajar, tocar e conhecer tudo isso, é um privilégio muito grande.

Eduardo: E com tudo isso que está acontecendo com vocês, já pensaram em morar fora?

Niper: Sim, acho que é meio que inevitável! O plano inicial ter passado esse ano, ao menos boa parte dele, em Los Angeles, nos Estados Unidos. Porque os escritórios estão lá, é foda, é o país pra fazer o “breakthrough”, tem que estourar ali pra estourar no resto do mundo! Mas a parada é complicada, a galera tem família, tem que ser feito com calma, planejado, ficando um tempo até um ponto que dê pra manter uma base lá e aqui. Mas a ideia é mudar sim, o Jean já tinha até visto colégio para as crianças!  Quando a gente foi gravar o disco em 2019 a gente viu que lá a coisa acontece muito! Você acaba conhecendo muita gente! É o fato de você estar lá a disposição! Quando as coisas normalizarem, é bem provável que a gente tenha uma base no EUA. Já temos uma na Europa, na Holanda porque o Theo é holandês e depois quem sabe procurar uma no Japão! (risos)

entrevista niper boaventura ego kill talent

Foto Divulgação Niper Boaventura / Ego Kill Talent

Eduardo: Niper, obrigado novamente pela atenção, um prazer falar com você e muita sorte para banda!

Niper: Sei que estamos atravessando um momento muito difícil, mas paciência, muito carinho com quem está por perto, vamos levar a sério essa reta final que quando voltar vai ser glorioso demais! Obrigado e nos vemos na estrada!

Assista a entrevista na íntegra abaixo:

Confira alguns Vídeos:

Discografia

entrevista niper discografia

‘The Dance Between Extremes’

Ego Kill Talent

2020

entrevista niper discografia

‘Ego Kill Talent’

Ego Kill Talent

2017

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‘Live In Europe 2017

Ego Kill Talent (EP)

2018

entrevista niper discografia

‘My Own Deceiver’ 

Ego Kill Talent (EP)

2017

entrevista niper discografia

‘Still Here’

Ego Kill Talent (EP)

2016

entrevista niper discografia

‘Sublimated’

Ego Kill Talent (EP)

2015

entrevista niper discografia

‘Talvez Seja Esse O Sentido’

Pull Down

2006

entrevista niper discografia

Ninguém Tem Culpa’

Pull Down

2004

geraldo andrade

Geraldo Andrade
Geraldo “Gegê” Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais. 

marcelo gema

Gema

Gema. 46 anos dos quais 32 foram consumindo e tocando Rock n Roll.
Baterista, de bandas da cena de são Paulo e agora fazendo rock n roll na Espanha com a banda THE ROCK MEMORY.

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