ROSA TATTOOADA: entrevista com o novo baterista Matt Thofehrn
January 20, 2024 0 By Geraldo AndradeRecentemente um dos maiores nomes do hard rock brasileiro, Rosa Tattooada, surpreendeu a todos e anunciou a saída do baterista Dalis Trugillo, depois de 12 anos. Ao mesmo tempo anunciaram o nome do novo dono das baquetas: Matt Thofehrn. A Revista Freak conversou com o novo baterista da Rosa Tattooada, para conhecer um pouco da sua história e muito mais.
Foto Crédito: Jeronimo Gonzalez
Muito obrigado por aceitar o convite para esta entrevista!
Matt Thofehrn: Eu que agradeço à revista Freak por apoiar e divulgar a Rosa Tattooada, é uma felicidade imensa poder estar aqui trocando essa ideia com vocês!
Quem é Matt Thofehrn? Você poderia nos contar um pouco da sua história e como começou sua paixão pela bateria?
Matt Thoferhn: Matt Thoferhn é algo entre um garotinho sonhador do interior e um baterista, percussionista, cantor e compositor que está vivendo um dos seus melhores momentos na carreira. A paixão pela bateria é antiga, meu irmão (Wiliam Thofehrn) é produtor e nos anos 90 levava algumas bandas pra ensaiar em nossa garagem, eu ficava sentado ao lado do baterista esperando a oportunidade pra tocar, um dia essa oportunidade surgiu e… eu sentei na bateria e sai tocando!
Tradicional pergunta! Quais são as suas maiores influências?
Matt Thoferhn: Eu realmente trabalhei em muitos estilos diferentes, mas vou tentar me ater aos bateras e percussas que mais me impactaram: Keith Moon, Eric Carr, Peter Criss, Terry Bozzio, Randy Castillo, Tommy Aldridge, Mike Terrana, Scott Travis, Deen Castronovo, Vinnie Colaiuta, Beat Barea, Airto Moreira, Carlos Perez, Ricardo Vidal, Iberê Azevedo e Chepito Areas.
Foto Crédito: Jeronimo Gonzalez
Você aprendeu a tocar sozinho? Ou teve algum professor pelo meio do caminho da tua trajetória?
Matt Thoferhn: Grande parte do meu aprendizado veio da estrada e da observação, fui roadie de um grande baterista chamado Rubens Hallal, onde pude aprender muito vendo seu estilo único, também tive aulas com o Gabriel Porto e depois fui estudar com o grande mestre Ricardo Arenhaldt. Mais tarde tive um estudo breve de percussão com o grande Carlos Perez. Sempre que posso participo, organizo e realizo workshops e clínicas de bateria o que também é uma ótima forma de aprendizado. Eu adoro aprender e também estou sempre “afiando o facão”!
Agora você é o baterista da Rosa Tattooada, uma das maiores bandas do Brasil, como aconteceu o convite para ingressar na banda?
Matt Thoferhn: Que sonho né! Ainda fico olhando a postagem pra ver se é real mesmo! Já somos amigos de longa data e também havia trabalhado antes com o Jacques Maciel no seu projeto acústico e com o Vini Canto (produtor e empresário) na produção de alguns shows. Então, no meio de 2023, fui chamado para cobrir algumas datas do tour dos 35 anos da Rosa porque o Dalis estava com choque de datas com o KLB, felizmente os shows deram super certo, tivemos uma ótima química de palco e amizade, fui me entrosando com a equipe e no dia 30 de dezembro fui oficialmente anunciado como membro oficial do Rosa Tattooada!
Foto Crédito: Divulgação
Como tem sido a recepção dos fãs?
Matt Thoferhn: Melhor impossível! Tive uma recepção super calorosa, já que boa parte dos fãs já me conhecia (se você olhar o Dvd de 2010, eu apareço várias vezes no público cantando e pulando) e dos shows que já vinha tocando. Também vejo uma certa identificação do pessoal do interior que viu “um de nós chegar lá”. Estou muito feliz em ver meus amigos, familiares e também em conhecer a nova galera que tem me mandado mensagens de boas-vindas, respondo a todos um por um com o máximo de atenção assim como os guris da Rosa fazem em cada show, os fãs são sempre prioridade!
Como é substituir Dalis Trugillo?
Matt Thoferhn: É uma grande responsabilidade, afinal estamos falando do Demolidor Dalis Trujillo! Dalis é um baterista sólido e com uma noção de tempo incrível, suas performances são impecáveis! Somos bateristas bem diferentes, mas tenho buscado ao máximo incorporar as minhas ideias, ao mesmo passo que respeito cada arranjo que a banda já vinha fazendo. Dalis e Beat Barea são referências e estou com os ouvidos bem abertos para entender e respeitar o legado deles dentro da banda.
Foto Crédito: Divulgação
Como é trabalhar com feras como Jacques Maciel e Valdi Dalla Rosa?
Matt Thoferhn: É uma aula de hard rock! Esses caras realmente sabem como se faz um show! Fica fácil trabalhar quando a banda sabe aonde quer ir. Jacques é um músico experiente e sabe direcionar o que ele espera que eu faça dentro dos arranjos, pessoalmente é um cara muito gentil, querido e generoso, sempre aprendo algo novo com ele. Valdi é um daqueles caras totalmente alto astral, se comunica muito bem no palco e sempre me ajuda nas partes mais complexas. É um grande instrumentista e um cara de um carisma imenso. Estou preparando meu físico e minha mente para aprender tudo que posso com esses caras! Fora do palco é uma grande curtida, adoro estar na van ouvindo as histórias da banda (Jacques é um ótimo contador de histórias, e também o maior garimpeiro de bonés nos paradouros) e nosso clima de camarim é divertido e cheio de humor, então…posso dizer que trabalhar com eles é uma grande diversão!
Você reside em Pelotas, o QG da Rosa Tattooada é em Porto Alegre, isso atrapalha ou não? Para ensaios.
Matt Thoferhn: Nos comunicamos bem pelos aplicativos e eu faço meu dever de casa em Pelotas. Nesse momento estou nessa jornada dupla entre Pel x Poa. A grande vantagem que eu tenho é que por ser do interior, ir pra porto alegre pra mim ainda é uma função divertida. Tenho o aporte de um grande amigo (Zé) que me abriga em sua casa e permite que eu deixe minhas coisas por lá, se não fosse esse cara, provavelmente seria mais complicada a logística (Obrigado de coração meu irmão)! Mas respondendo mais pontualmente, não há problema algum, a agenda é bem-organizada e com isso
consigo cumprir com todas as demandas que sou solicitado.
Foto Crédito: Jeronimo Gonzalez
Qual é a expectativa do primeiro show, agora oficial, com a Rosa Tattooada?
Matt Thoferhn: Estou curtindo o momento, aproveitei o início do ano para dar manutenção no equipamento, trocar as peles da bateria e deixar o kit pronto para a tour de 2024. Também estou trabalhando em músicas do repertório que podem vir a entrar no set dos shows e claro, criando ideias e atendendendo as entrevistas e perguntas dos fãs. Meu motor está quente e estou louco pra rodar com esses caras.
Você tem outras bandas ou projetos? Se sim, fale um pouco de cada um deles?
Matt Thoferhn: Fora o Rosa Tattooada trabalho bastante no meio dos festivais de música nativista, nos quais faço parte do Grupo LadoAlado que já tem diversas premiações e conta com um super time de músicos (Robledo Martins, Everson Maré, Alex Moreira, Gil Soares, Joaquim Velho e Carlos de Cesaro) e também tenho minha própria banda onde toco bateria e sou vocalista que se chama General Loco Y Sus Calaveras, um projeto que une tudo que eu amo, fazemos músicas nativistas e do rock gaúcho num formato inusitado (usando elementos do hard rock e metal) e também estou super bem amparado por Daniel Che Duarte no acordeom e Mini Ribeiro, meu parceiro de longa data, no contrabaixo elétrico. Também acompanho outros artistas como sideman, dou aulas de bateria e percussão e faço gravações pra todo estado no meu estúdio em casa.
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Você coleciona prêmios como: Melhor Instrumentista Carijo Da Canção 2023, Melhor Instrumentista Reponte 2022 e Melhor Instrumentista Fecanpop 2021. Fale um pouco sobre isso?
Matt Thoferhn: Os discos dos festivais sempre estiveram presentes no rádio da minha casa, então aos 30 anos eu já estava um pouco cansado do meio baterístico e comecei a fazer trabalhos nessa área, foi uma forma de oxigenar minha criatividade e técnica. A percussão na forma que eu toco havia sido praticamente extinta dos palcos dos festivais (nos anos 80 e 90 era o carro chefe dos grupos e havia instrumentistas incríveis, super criativos e originais criando a história da “bateria campeira” posso citar Carlos Perez, Ricardo Vidal, Iberê de Azevedo, Ênio Capincho, entre outros) então tive que
reabrir o caminho a facão. Felizmente a ideia foi super aceita e comecei a ser premiado em diversos festivais e agora nos primeiros dias do ano recebi através da Ronda dos Festivais (que avalia todos os músicos premiados de todos os festivais do ano de 2023) e fui eleito o Melhor Instrumentista mais premiado dos festivais do ano de 2023. Uma honra imensa que certamente farei de tudo pra seguir evoluindo e abrindo o espaço para o nosso instrumento!
Foto Crédito: Jeronimo Gonzalez
Que tipo de equipamento você usa? Qual é a sua configuração?
Matt Thoferhn: Com o Rosa Tattooada eu uso uma bateria Fischer de 1988 que foi inteiramente reformada pelo próprio Rubinho da Fischer, são tambores ótimos, com uma ressonância incrível e cascos muito sólidos pra aguentar a porrada! A configuração é bumbo 22×18, tons 10×8 e 12×9, surdo de 16×16 e a caixa uso uma Sonnor Phill Rudd 14×5 de aço. As peles geralmente são Luen Double Coated e racks da Pearl, pedais Tama Iron Cobra e ferragens Tama. Na Percussão o set varia conforme o trabalho que executo, mas tenho 8 baterias e um arsenal gigante de tambores, pratos e efeitos.
De quais marcas você é endorser?
Matt Thoferhn: Sou endorsee da Corujon, uma empresa fantástica que faz cajons incríveis, pessoas queridas e realmente dedicadas em inovar pra encontrar o som que eu preciso. Também uso baquetas da AC Drums, uma pequena empresa familiar que faz um trabalho impecável e tem um tratamento muito especial com seus clientes. O Pessoal do BateraClube posso considerar meus parceiros, que sempre me suprem com o melhor equipamento.
Foto Crédito: Divulgação
Qual recado você dá para aquele menino ou menina, que está começando a tocar bateria agora?
Matt Thoferhn: O caminho é longo e bastante duro, não existem fórmulas prontas e muito menos jogo ganho, não tem segredo, se você ama tocar tem que suar a camiseta, a prática, constância e dedicação diária são fundamentais. Também recomendo que você não fique só trancado no seu quarto estudando, saia, veja outros músicos, abra seus ouvidos e olhos, faça amizades e tenha uma boa base de afeto para lhe ajudar nesse caminho afinal… Música é uma prática em conjunto que exige respeito e cumplicidade, seja grato e tenha carinho pelas pessoas que lhe ajudarem! Parafraseando a canção “Vá em frente” da Rosa Tattooada: “Acredite nos seus sonhos, você vai conseguir”.
Desejamos a você todo sucesso no mundo, agora como baterista da Rosa Tattooada! Deixe uma mensagem para os seus fãs e leitores da Revista Freak:
Matt Thoferhn: Agradeço a Revista Freak por apoiar e incentivar a cultura e a música com conteúdo super legais e informação de qualidade! Vocês estão de parabéns! Desejo de coração que esse ano de 2024 seja repleto de sucesso e muita música pra todos nós. Estou louco pra estar na estrada rodando com esses caras e encontrando cada um dos nossos fãs! Agradeço a todos que estiveram em nossos shows e já deixo o convite pra tour de 2024 onde queremos passar por todo o estado e reencontrar todos os amigos numa grande celebração do Hard Rock Gaúcho!
Geraldo “Gegê” Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.
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