Resenha: “Cycles of Pain” – Angra (2023)

Resenha: “Cycles of Pain” – Angra (2023)

November 7, 2023 0 By Geraldo Andrade

Uma das maiores e mais importantes bandas de metal do Brasil, o ANGRA , está de volta com um novo álbum. O intitulado “Cycles of Pain”, que chegou até nós 5 anos depois de “Ømni” (2018). O décimo álbum da banda foi lançado em 3 de novembro de 2023, pelo novo selo da banda, Atomic Fire Records.

Como sempre, há uma faixa de introdução breve e calma, que é bem legal. A qualidade imediatamente aumenta enormemente com a faixa de abertura e o single principal “Ride Into the Storm”, uma música que parece uma mistura gloriosa do clássico Angra, Rhapsody e até um pouco de Symphony X. A faixa se move em um ritmo bastante animado através dos versos, com um pouco daquele trabalho pesado de guitarra, combinado com ótimas melodias vocais, enquanto o refrão é extremamente rápido e cheio de alguns arranjos sinfônicos épicos e vocais perfeitos.

Para nossa alegria, este álbum é matador, sem preenchimento, e a diversão continua com “Dead Man on Display”, uma das faixas mais complexas e progressivas do álbum, embora ainda tenha um ritmo bastante acelerado durante a maior parte de sua duração. Começa devagar, com uma abertura instrumental muito sombria e atmosférica, mas as guitarras pesadas e a bateria forte entram em ação cerca de um minuto na faixa, e a partir daí a faixa se move em um ritmo rápido, com alguns sons bastante sombrios e pesados. Riffs, misturados com alguns vocais poderosos. O refrão acelera ainda mais e é bastante épico, com algumas tonalidades muito boas e excelentes melodias vocais, e então a seção instrumental fica muito complexa, com múltiplas mudanças de andamento e muita loucura.

Na sequência temos o segundo single de duas partes “Tides of Changes”. A primeira parte é muito tranquila, com alguns trabalhos de guitarra muito leves e vocais ainda mais suaves, proporcionando uma passagem bastante atmosférica pelo refrão, antes da segunda parte entrar em ação e as guitarras ficarem um pouco mais pesadas. Nela o vocal de Lione está excelente e emotivo.

O ritmo acelera apenas um pouco com “Vida Seca”, a primeira faixa a apresentar um pouco daquela percussão brasileira distinta que a banda costuma usar de vez em quando. Ele fornece um bom ritmo à faixa, que permanece bastante lenta, mas um pouco menos que a faixa anterior, com um pouco de impulso nas guitarras e na bateria. Na verdade, é uma faixa muito atmosférica, com uma sensação muito distinta, amplificada ainda mais pela percussão e alguns elementos sinfônicos muito leves, mas eficazes. No início, há alguns vocais convidados do artista brasileiro Lenine, que canta em português, e sua voz profunda e única ajuda a adicionar ainda mais sabor à faixa. O refrão é bastante memorável, já que Lione apresenta uma performance fantástica e, também há um belo trabalho de guitarra no final.

A próxima é a minha favorita, “Gods of the World”. Esta faixa tem um toque de power metal clássico, especialmente os riffs pesados, mas melódicos, e a bateria estrondosa. Há alguns elementos sinfônicos,  mas no geral é uma faixa de power metal,  com um refrão extremamente cativante. Vai ser linda de ver e ouvir essa música ao vivo.

“Cycles of Pain” é uma balada, conduzida pelo piano, onde o piano é usado de forma eficaz para criar o clima da faixa. Há alguns trabalhos leves de bateria e guitarra aqui e ali, especialmente durante a fantástica seção de solo, mas é em grande parte uma faixa conduzida pelo piano, com os vocais sendo especialmente excelentes durante o refrão, enquanto as letras são muito emocionais e contundentes.

A próxima é “Faithless Sanctuary”, uma faixa de ritmo mais intermediário, que é mais animada do que qualquer uma das faixas mais lentas do álbum, sem nunca acelerar totalmente. Porém, o que a torna única é mais uma vez a percussão, que se mistura com alguns sons da natureza desde o início, e que instantaneamente dá à faixa uma sensação muito distinta.  A percussão permanece ativa durante a maior parte da faixa e é usada de uma forma difícil de descrever, mas funciona extremamente bem e é um dos destaques da faixa, junto com o trabalho de guitarra.

Outra balada vem a seguir, na forma de “Here and Now”, que abre com alguns vocais femininos muito agradáveis ​​e encantadores que ajudam a definir o clima. À medida que a faixa avança, parece uma balada clássica de rock progressivo, com uma mistura muito boa de tons e um leve trabalho de guitarra, bem como um refrão agradável e cativante, com a seção instrumental, em particular, sendo fantástica.

Querem peso? Temos peso em “Generation Warriors”, e é mais um clássico instantâneo. Esta faixa tem um toque de power metal muito clássico, muito parecido com o Helloween, com um excelente trabalho melódico de guitarra, bateria super rápida e um refrão muito cativante. O ritmo é rápido, com os versos voando, enquanto o refrão é um dos destaques, com algumas das melhores melodias vocais do álbum. Mais uma vez, a seção instrumental é muito complexa e técnica, com múltiplas mudanças de andamento e tem uma sensação muito progressiva, enquanto o resto da faixa é power metal clássico e direto no seu melhor.

Pra fechar o álbum, temos “Tears of Blood”, que conta com a participação vocal de Amanda Somerville, além da performance de piano de Juliana D’Agostini. Esta última em particular brilha, dando à faixa um toque clássico muito moderno com seu piano sombrio e atmosférico, e isso só é realçado pelos arranjos sinfônicos e pelos vocais de Lione, que têm muita qualidade. Claro, Somerville é especialista nesse tipo de música, então não é surpresa que ela também brilhe. O refrão é excelente, com ambos os vocalistas em sua melhor forma, e há um lindo solo de guitarra mais tarde, e no final há uma seção vocal incrível, onde ambos os vocalistas mostram seu talento, fechando o álbum perfeitamente.

“Cycles Of Pain” é um disco rico e diversificado que ostenta canções memoráveis ​​e bem escritas e os talentos técnicos de alguns dos maiores músicos do metal na atualidade. Alcançar esse equilíbrio não é tarefa fácil, mas o ANGRA criou um álbum instantaneamente agradável que deixará você com muitos detalhes para desvendar em repetidas audições. Um dos melhores lançamentos de 2023!

Angra

Músicas
1- Cyclus Doloris
2- Ride Into the Storm
3- Dead Man On Display
4- Tide of Changes – Part I
5- Tide of Changes – Part II (com Vanessa Moreno)
6- Vida Seca (com Lenine)
7- Gods of the World
8- Cycles of Pain
9- Faithless Sanctuary
10- Here in the Now (com Vanessa Moreno)
11- Generation Warriors
12- Tears of Blood (com Amanda Somerville e Juliana D’Agostini)

Matérias Relacionadas

Please follow and like us: