NERVOSA: Entrevista exclusiva com a guitarrista PRIKA AMARAL
June 22, 2020Conversamos com a guitarrista PRIKA AMARAL, da banda de thrash metal feminino brasileira de maior reconhecimento internacional, a NERVOSA, que nos falou sobre a atual formação da banda, novo álbum, planos futuros e muito mais.
Foto Capa: Rafael Almeida
A banda NERVOSA recentemente surpreendeu o mundo do metal anunciando a separação do trio de thrash metal nacional com maior reconhecimento internacional atualmente. Tão surpreendente e inesperado foi o anúncio da nova formação da banda, que inclui nomes reconhecidos como Mia Wallace (ex-Abbath) no baixo, Diva Satánica (Bloodhunter) nos vocais e a grega Eleni Nota na bateria. Com tantas novidades, fomos conversar com PRIKA AMARAL, que nos atendeu diretamente de sua casa em São Paulo, e falou sobre tudo que está rolando. Check it out!
Foto: Divulgação Nervosa
GeGê: E aí Prika como está? Nos conte sobre essa nova NERVOSA, agora internacional!
Prika: Foi tudo muito rápido! Tive que agir muito rápido, mas está sendo muito legal trabalhar com meninas de outras culturas, de lugares diferentes, está sendo algo inovador e estou ansiosa pra que tudo aconteça! Mas a essência da banda continua como uma banda brasileira, nascida no Brasil. O nome é brasileiro!
Gema: Prika, de onde você conhece essas garotas que entraram na banda?
Prika: A Diva Satánica, que é a vocalista, tinha aberto um show da Nervosa e nessa eu já percebi sua performance! Sempre segui o trabalho dela no Instagram. A Mia e a Eleni eu ainda não conheci pessoalmente, mas conheço o trabalho delas na internet, a Mia por já ter tocado no Abbath e a Eleni eu conheci esse ano, e quando houve a saída das meninas eu comecei a buscar as pessoas que eu sigo!
Gema: E foi rápido essa reposição das meninas né?
Prika: Sim, eu precisei ser rápida porque tem muitos contratos a cumprir e eu não podia deixar gerar essa insegurança nos fãs, e esse negócio de quarentena, fiquei com medo de perder os shows futuros já marcados com alguns produtores. Então foram 2 semanas muito intensas de muitas calls com as meninas. E eu tenho certeza de que fiz a coisa certa.
Eduardo: E vendo de fora, vimos que a coisa foi muito bem feita, porque você conseguiu reunir um time que gerou uma expectativa e está todo mundo louco para ver.
Prika: Exatamente. Estamos ansiosas para tocar e nos ver, está gerando uma ansiedade e uma cobrança muito forte!!
Foto: Divulgação Nervosa
GG: A Eleni toca muito não?
Prika: Ela está sendo mais uma revelação da NERVOSA, porque fora da Grécia ela não é conhecida, alguns poucos shows na Europa, então foi uma sorte eu ter encontrado e porque ela é muito boa! Além de ter um estilo próprio para tocar.
Eduardo: Você já tem uma ideia de quando será a estreia da banda?
Prika: Ainda não tenho por causa do coronavírus. Estamos prontas para começar as atividades, mas está tudo atrasado! Principalmente porque no Brasil a coisa está começando a piorar! Os nossos planos estão focados para o próximo ano!!
Foto: Divulgação Nervosa
Eduardo: É bom porque ganha um tempo para vocês se entrosarem?
Prika: Sim, exato! A gente já conversou muito a distância. A gente nunca se viu pessoalmente, e estamos tão focadas que as coisas estão rolando super bem! Estou muito empolgada, a preocupação de como nos entenderíamos já passou!
GG: E as meninas não conhecem o Brasil, né?
Prika: Exatamente, a Eleni nunca saiu da Europa, a Mia quase veio, mas vamos fazer uma turnê no Brasil no ano que vem! Agora o Brasil será incluído no formato turnê! 1 mês de shows na América do Sul.
Foto: Divulgação Nervosa
Gema: Você vai morar no Brasil ou na Europa?
Prika: Eu já estava vivendo metade no Brasil, metade na Europa e agora com isso, eu vou ficar um pouco mais na Europa, mas um venho aqui para tour e pela família, natal essas coisas.
Gema: Aonde está o maior público da NERVOSA?
Prika: No Brasil, se você pensar em termos de um país. Mas se somarmos a Europa toda, o público é maior, temos também muito publico nos Estados Unidos. No ranking do Facebook grande parte de brasileiros e segundo americanos, seguidos de México, Espanha, Colômbia e Argentina. Adoro saber isso!
Foto: Divulgação Nervosa
Eduardo: Desses festivais Europeus, qual você gostou mais ou tem mais vontade de tocar?
Prika: O Wacken (Alemanha) é o que a gente mais queria, e não sabemos se estaremos na próxima edição, porque eles cancelaram o line-up. Esse é o que a gente quer mais! Mas tem tantos que queremos tocar… eu gosto de alguns menores como o ‘Barcelona Rockfest’, esse eu também gostaria de tocar, mas agora estamos meio que paradas nos festivais porque fizemos 5 tours do mesmo álbum, então os festivais querem que lancemos um álbum novo para tocarmos!
Eduardo: E como estão os planos para o novo disco?
Prika: Vamos lançar ano que vem, não sabemos a data certa ainda, estamos fazendo com muito detalhe e cuidado para ser uma coisa muito legal!
Eduardo: E sai pela Napalm Records mesmo né? Que é uma gravadora muito boa!
Prika: Sim! Eu não tenho nada para reclamar da Napalm. Sempre nos apoiaram e deram liberdade para fazer o que queríamos fazer! Nunca mudaram nada e sempre respeitaram nossa arte! Você sabe que banda de mulher é complicado né? Porque as vezes existe a exigência de usar algo tipo roupas e ter certas atitudes, mas nunca fizeram isso!!
Gegê: E agora vai sair o álbum de 10 anos?
Prika: Exato, será o álbum de 10 anos e seria também a tour de 10 anos, só que o coronavírus não deixou porque a NERVOSA comemora aniversário em fevereiro, na primeira semana. Então se não fizermos esse ano, não comemoraremos os 10 anos!!
Foto: Divulgação Nervosa
Gema: Quais foram suas influências?
Prika: Primeira banda que ouvi na vida foi o Led Zeppelin, mas depois que ouvi Metallica, Slayer e esses sons agressivos, eu me entreguei a esse tipo de música. Gosto da coisa agressiva e gosto de um heavy melódico, rápido, porém definido, é minha preferência. Então resolvi por tudo isso na NERVOSA.
Gema: Aliás eu acho um baita nome!
Prika: Que Legal, obrigada! Esse nome surgiu porquê queríamos um nome atrativo, e eu mostrei a ‘Time Of Death” para um amigo e ele me respondeu: “nervoso esse som!”. Assim eu pensei que NERVOSA seria um nome bom.
Foto: Divulgação Nervosa
Gegê: Existe alguma chance da NERVOSA ter outra guitarrista?
Prika: Desde o começo da NERVOSA a ideia era ter duas guitarristas, mas depois que a Karen saiu da banda, a gente decidiu permanecer em um trio. Era mais fácil com os custos e um trio feminino de thrash metal era muito atrativo. Agora com a separação a vontade voltou, mas ter uma baixista e uma vocalista separadamente pesou mais. E colocar cinco pessoas na banda daria muito problema, porque uma adaptação de 3 para 5 é muito complicado. Minha vontade maior agora é de trabalhar um pouco mais o baixo, fazer com que ele crie uma independência da guitarra. E temos que trabalhar a voz da Diva para diferenciar o trabalho da NERVOSA com o que ela faz no ‘BLOODHUNTER‘!
Gegê: Ainda tem algum sonho de tocar com algum artista?
Prika: Muitas bandas eu gostaria de tocar sem ser em festival, porque teríamos mais interação com a banda, mas tenho um sonho de tocar com o Judas Priest! Iron Maiden já consegui e Slayer também, mas eu gostaria mesmo é de fazer uma turnê inteira com o Testament ou com o Sepultura, porque é muito bom viver o dia a dia com essas bandas que foram duas influências e saber de alguns casos ou truques de gravações!
Foto: Anima Nigra Photography
Eduardo: E nesse percurso de vocês, que a gente já ouviu falar de bandas que se incomodam com outras que estão indo bem, já rolou um boicote de som e equipamento ou para vocês a coisa sempre rolou legal?
Prika: No começo não, né? Porque no Brasil as coisas são sempre muito difíceis, e a gente não pode nem reclamar só da cena metal, e sim porque nossos país tem muitos problemas financeiros, mas o que facilitou para nos é que somos um trio e usamos tudo muito simples! E eu levo meu amplificador para todos os lugares, então só preciso de uma caixa.
Gema: É mais difícil conseguir sendo mulher no meio do Rock n’ Roll?
Prika: É mais difícil por um lado e mais fácil pelo outro, porque uma banda feminina já é atrativa por si só e tocando thrash metal se torna mais ainda. Agora lógico que a cobrança em cima é muito maior, um erro de uma mulher em cima do palco não tem o mesmo peso que o erro de um músico homem. A dificuldade é realmente construir uma carreira vitoriosa, porque a exigência em cima de uma mulher é muito maior, quando surgimos teve um movimento contra nós, páginas no facebook contra o nosso trabalho e com o tempo conseguimos reverter tudo isso. A página perdeu força e foi extinta e depois quando saímos para tocar fora do Brasil, o respeito foi aumentando e tudo muda. O tempo vai fazendo as coisas melhorarem, o comportamento dos headbangers mudaram, antigamente era só sair na rua com uma camiseta de banda e vinham me intimando, hoje em dia não, é diferente, trocam uma ideia. O negócio é provar para você mesmo e para os outros que você pode!!
Foto: Divulgação Nervosa
Eduardo: E como vocês conseguiram atingir esse mercado internacional?
Prika: Tudo aconteceu no primeiro clipe da banda. Porque viralizou na internet e chegou na Napalm, então conseguimos muito rápido o contrato com uma grande gravadora! Aí vieram patrocínios, convites para shows e a gente começou a tocar sem parar por 8 anos.
Eduardo: Vocês botaram respeito e assim como a gente viu acontecer com o Sepultura nos anos 80, vocês são as representantes atuais do Brasil no exterior, um orgulho nacional do metal! A gente queria agradecer a tua atenção e te desejamos muita sorte na nova fase!
Prika: Obrigada! Eu que agradeço a vocês pelo espaço e por divulgarem a NERVOSA. Obrigada!
Assista a entrevista na íntegra abaixo:
Discografia
Victim of Yourself
2014
Agony
2016
Downfall of Mankind
2018
Visite o site www.nervosaofficial.com
Geraldo “Gegê” Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.
Gema
46 anos dos quais 32 foram consumindo e tocando Rock n Roll.
Baterista, de bandas da cena de são Paulo e agora fazendo rock n roll na Espanha com a banda THE ROCK MEMORY.
Eduardo Rod
Designer e músico apaixonado por arte e rock n’roll. Gaúcho de Porto Alegre, já morou em São Paulo, Nova York e atualmente reside em Madri, na Espanha. Em seu currículo como músico tem passagem como baixista das bandas Rosa Tattooada (Porto Alegre), Jungle Junkies (NY) e Monodrive (SP).
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