Com exclusividade, guitarrista EV Martel fala de sua história e a passagem pelo Manowar
February 26, 2023 0 By Geraldo AndradeEm 2019 o Manowar confirmou a saída do guitarrista Karl Logan, e para nossa surpresa, o escolhido para substituí-lo, foi o brasileiro EV Martel. Depois de tocar por 20 anos em uma banda cover de Manowar, no Brasil, o Kings of Steel, Martel estava tocando numa das bandas mais populares do mundo. Conversamos com o guitarrista brasileiro, que nos atendeu gentilmente e nos falou da sua história, da sua passagem pelo Manowar e sobre seus futuro e projetos pós-Manowar.
Foto Crédito: Divulgação Ev Martel
Em primeiro lugar, muito obrigado por ter aceito o convite para entrevista:
EV Martel: Eu que agradeço, foi um prazer fazer esta entrevista.
Antes de falar do teu presente, conte como iniciou sua paixão pela guitarra?
EV Martel: Tudo começou com meu pai. Ele tocava violão, tocava músicas sertanejas antigas. Eu o via tocando nas festas da família e comecei a aprender alguns acordes. Me lembro até hoje, a primeira música que aprendi a tocar foi “Pense em mim” do Leandro e Leonardo, daí comecei a tentar tocar as músicas do Guns N’ Roses, Nirvana, rock nacional, etc…
Depois disso comecei na guitarra e nunca mais parei de tocar.
Tradicional pergunta, suas influências?
EV Martel: Minhas influências principais são as bandas que ouvia quando era adolescente, bandas como:
Manowar, Judas Priest, Heavens Gate, Helloween, Hammerfall, Black Sabbath, Guns N’ Roses, Nirvana, ACDC, etc…
Além de guitarristas que sempre me inspirei, como Steve Vai, Joe Satriani, Malmsteen, Paul Gilbert, etc…
Foto Crédito: Divulgação Ev Martel
Você ficou conhecido no Brasil, por fazer parte da banda cover de Manowar o Kings of Steel. Fale um pouco dessa época?
EV Martel: Na época em que o Kings of Steel foi formado eu estava trabalhando em outros projetos. Eu tocava com algumas bandas de Músicas variadas em bares de São Paulo e ABC.
Sempre fui muito amigo dos integrantes da banda, e sempre que podia, estava presente nos shows do Kings of Steel.
Até que um dia o guitarrista teve que mudar de cidade e foi aí que recebi o convite para ser o guitarrista da banda.
Fiquei pouco mais de 20 anos tocando cover de Manowar pelo Brasil, foi um período muito prazeroso, já que éramos amigos fazendo um som juntos. Muitas viagens, shows, muitas risadas, enfim…
Época maravilhosa.
A notícia que surpreendeu nós brasileiros, foi o anúncio do Manowar, em 2019, informando que você seria o novo guitarrista da banda. Como um brasileiro foi parar numa das maiores bandas de metal do mundo?
EV Martel: Na época saiu uma notícia de que o Karl Logan teria sido preso. Como Éramos da banda cover do Manowar, recebi várias mensagens de pessoas me avisando sobre esta notícia. Fiquei surpreso com a notícia, mas não dei muita importância.
Passados alguns dias desta notícia, recebi uma ligação do Manager do Manowar me convidando para realizar um teste com a banda. Fiquei muito feliz com o convite, fiz tudo que estava ao meu alcance para conseguir esta vaga, inclusive tirei todas as músicas de todos os álbuns em aproximadamente 30 dias, e isso foi primordial para a vaga.
Foto Crédito: Divulgação Ev Martel
Na sua chegada ao Manowar, você tinha pouco conhecimento da língua inglesa. Esse deve ter sido seu maior obstáculo? Como foi se virar com esse problema?
EV Martel: Sim, a barreira do idioma é um grande problema, sem dúvidas. Porém, esta não foi meu maior obstáculo, pois já haviam 2 brasileiros trabalhando na banda. O baterista Marcus Castellani e o Manager Manuel.
Eles me ajudavam traduzindo as instruções do Joey. Então, naquele momento não foi um problema determinante, ja que o Joey sabia que eu não falava inglês. O real interesse dele era saber como eu tocava as músicas, por que a turnê esteva próxima de iniciar e ele precisava de um guitarrista que soubesse tocar as músicas, ja que não poderia mais contar com o Karl.
Como você foi recebido pelos fãs do Manowar? Em minha opinião um dos mais fiéis da história do rock.
EV Martel: Os fãs do Manowar me receberam muito bem e com muito respeito também, óbvio que não da pra agradar todo mundo, mas a grande maioria dos fãs sempre me elogiaram e alguns se tornaram meu amigos.
O primeiro show com a banda deve ter sido algo”louco” para você. Como foi viver esse momento?
EV Martel: Meu primeiro show com a banda foi em Israel, logo de cara ja foi surreal, pois um dos meus sonhos era oconhecer Jerusalem e tive esta oportunidade logo no primeiro país onde fui tocar com a banda. Fiquei muito nervoso no meu primeiro show. Não sabia como seria recebido pelos fãs e não tinha experiência tocando pra valer com a banda no palco. No fim, considero que foi um bom show.
Muitos medos que eu tinha, em relação a tocar ao vivo com o Manowar, ficara naquele show. Daí pro frente fui sempre melhorando e me sentindo mais à vontado em cima do palco.
Foto Crédito: Divulgação Ev Martel
O que você aprendeu trabalhando com Joey DeMaio? Uma pessoa dificil de se trabalhar?
EV Martel: O Joey não é uma pessoa difícil de se trabalhar, ele é apenas exigente. Ele cobra muito resultado, não só de mim, mas de todos que de alguma forma fazem parte da equipe da banda. Não acho isso ruim, porém há pessoas que não gostam de ser cobradas, então isso seria um problema para elas, mas não para mim. Sempre respeitei o Joey e sempre fui respeitado por ele.
Aprendi trabalhando com ele que a gente nunca pode parar de querer melhorar as coisas, sempre da pra melhorar.
Todos peguntam de como é trabalhar com Joey, mas tenho outra curiosidade, como é trabalhar com o “monstro” Eric Adams?
EV Martel: Eric Adams é um cara incrível, um cara com quem convivi muito tempo. Sempre estavamos juntos nos hoteis e sempre nos demos muito bem. Um cara extremamente bem humorado e sempre disposto a conversar e contar histórias, etc…
Outra noticia que nos pegou de surpresa, agora, foi a sua saída da banda. Você não quis mais? Qual o motivo? Pois é uma posição que muitos guitarristas querem estar.
EV Martel: Infelizmente tive que sair da banda por motivos pessoais. Não poderia fazer a turnê deste ano, pois não poderia ficar 3 meses fora de casa. Nem tudo na vida é como a gente quer que seja, ha momentos em que temos que fazer escolhas, e minha escolha foi de sair da banda para poder resolver minhas coisas aqui no Brasil de maneira tranquila.
Agora em seu lugar está o guitarrista Michael Angelo Batio. Foi uma boa escolha da banda em sua opinião? E o que você acha de Batio?
EV Martel: Não conheco o Michael Angelo Batio, então não posso falar muito sobre ele. Ja tinha visto ele tocar na internet, mas nunca em banda. Acho que os critérios de escolha de um guitarrista para a banda vão além de saber tocar o instrumento. Você precisa levar em conta outros fatores também, afinal é alguém com quem vai se conviver por bastante tempo. Sempre achei ele um excelente guitarrista.
Voltando agora ao presente, eu sempre tentei uma entrevista com você. Mas não conseguia entrar em contato. Uma vez tentei junto ao contato oficial do Manowar, me responderam que no momento não seria possível, pois vocês estavam se preparando para uma tour. E não encontrava você em nenhuma rede social. Mas após a sua saída da banda, você apareceu nas redes sociais. Porque você não frequentava as mídias sociais? Alguma exigência da banda?
EV Martel: Eu nunca estive presente em redes socias, nem antes e nem durante minha estada no Manowar. Resolvi iniciar agora para poder mostrar um pouco mais do meu trabalho, que vai além do Manowar. A banda nunca me proibiu de fazer nada,eu poderia ter rede social se eu quisesse, mas na época não queria mesmo. Estava focado em fazer um bom trabalho na banda, em estudar, dar atenção à minha família e amigos. Hoje não tenho mais nenhuma obrigação com a banda, então, posso dar um pouco mais de atenção as mídias sociais.
Você tem uma loja de instrumentos musicais. Como é o empresário Martel? Fale um pouco da loja?
EV Martel: Tenho uma loja de Instrumentos musicais usados, Top Pro Musical que fica na Rua Teodoro Sampaio, que é onde tem a maior concentração de lojas de instrumentos musicais da América latina. Tenho a loja ja ha uns 15 anos e é uma atividade que gosto muito.
Foto Crédito: Divulgação Ev Martel
Quais são seus planos pós-Manowar. Alguma banda ou projeto?
EV Martel: Por enquanto não tenho planos de tocar em bandas. Estou mais focado em trabalhos de composição e gravação em estúdio. Componho solos de guitarra para várias bandas. Algumas bandas me procuram e desejam ter um solo meu em suas músicas, como participação especial. Outras bandas apenas querem comprar um solo pronto. Este é meu foco hoje em dia, além da loja é claro!
Um recado para os fãs e leitores da Revista Freak:
EV Martel: Queria agradecer a você Gegê, e a todos os leitores da revista Freak, pelo espaço a mim concedido. Agradeço por me permitir contar um pouco da minha história, e por fim, espero que os leitores gostem da entrevista e quem quiser conhecer um pouco mais do meu trabalho, estou no instagram como @evmartelbr.
Geraldo “Gegê” Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.
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Geraldo "Gegê" Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.