FELIPE ANDREOLI: Entrevista exclusiva com o baixista do Angra e Matanza Ritual

FELIPE ANDREOLI: Entrevista exclusiva com o baixista do Angra e Matanza Ritual

September 8, 2022 0 By Geraldo Andrade

A Revista Freak conversou com um dos baixistas mais respeitados do mundo, que nos falou sobre o seu primeiro álbum solo, turnê com o Sons of Apollo e seus planos para o restante do ano. 

Conversamos com Felipe Andreoli, baixista do Angra e Matanza Ritual, que já gravou inúmeros discos e fez diversas turnês mundiais que passaram por muitos países, além de realizar constantemente workshops e masterclasses. Vale a pena conferir!

entrevista felipe andreoli angra

Foto Crédito: Andre Tedim

Finalmente você realizou um sonho antigo seu, lançou em 2021, o seu primeiro trabalho solo: “Resonance”. Como foi realizar esse sonho?
Felipe:
Sim, em 2021 finalmente , depois de um já tempo na pandemia. Esse processo iniciou em junho de 2020. Eu já estava alguns meses em casa, sem poder tocar, sem poder sair, sem poder fazer um show ou ensaiar. Aí senti muita falta de tocar, não tinha motivação que me levasse a tocar. Não tendo previsão de isso acabar e não sabia quanto tem ainda ia ficar em casa. Achei que fosse o momento perfeito em dar inicio ao processo de composição do disco. Foi muito especial para mim, porque foram muitos anos idealizando esse disco, de que maneira fazer, quem eu chamaria para tocar. Por mais que eu tivesse em casa sem tocar, curtindo meu filho recém-nascido, o Léo. O processo de composição do disco, me reconectou com a música. Chamei o Dallton Santos para me ajudar nas composições, um catalizador das minhas ideias. Em pouco tempo já tínhamos o esqueleto do disco e dali pra frente foi só trabalhar nas ideias e finalizar. Foram meses de um trabalho muito prazeroso, que resultou num disco que tenho muito orgulho.

Podemos dizer que este álbum chegou no seu melhor momento na carreira, como artista, compositor, baixista e produtor?
Felipe:
Acho que sim! Quero acreditar que todos anos de experiência, de aprendizado que eu tive, foram sempre culminando com o meu melhor trabalho à cada dia que passa e esse é o meu melhor momento na carreira de todas essas formas, porque é o meu primeiro trabalho solo onde consegui colocar 100% de mim, em todos os aspectos. Chegando num momento de muita maturidade, se eu tivesse lançado 20 anos antes, ele teria sido muito diferente. Com certeza foi o melhor que eu pude dar e entregar, está nesse disco. Haverá próximos com certeza e espero que sejam ainda melhores, porque vou estar mais experiente, com mais estrada. A ideia é estar sempre evoluindo e sempre colocando essa volução de uma forma musical, que valorize o produto que estou trabalhando.

entrevista felipe andreoli angra

Foto Crédito: Andre Tedim

O trabalho foi financiado mediante uma vitoriosa campanha de financiamento coletivo? Pode falar sobre isso?
Felipe:
Sim! O financiamento coletivo é uma ferramenta incrível, porque você passa a não depender mais das gravadoras, da indústria fonográfica tradicional e você vai direto no fã, que é a pessoa que vai consumir o seu trabalho e você tem uma conexão direta com ele, fazendo uma série de entregas para ele, o fã.  Isso faz todo processo valer a pena. É mais uma pré-venda do que um financiamento coletivo, que muita gente associa a doação. Algumas pessoas acabam doando, o que é muito legal, mas 99% das pessoas estão fazendo uma compra antecipada de um produto que vai ser lançado. Com essa compra a pessoa ajuda a financiar a produção do produto. A campanha foi muito bem, ultrapassei a meta em 20% ou mais. Isso mostra o quanto as pessoas aguardavam esse trabalho novo. Me incentiva a continuar e fazer mais no futuro.

O que chama muito a atenção é a lista de convidados, uma verdadeira “seleção mundial” de músicos e amigos, como Kiko Loureiro, Dino Jelusick (Whitesnake), Simon Phillips (Asia, Judas Priest, Toto, The Who), entre outros. Como foi contar com a participação desses “monstros” do rock mundial?
Felipe:
Uma das coisas que eu sempre idealizava e ficava sonhando acordado, era quem eu chamaria para tocar no meu disco. Conforme fui compondo o disco, eu ia vendo quem eram essas pessoas, quem tinha mais a ver com o som, quem eu poderia ter um contato mais próximo, mais fácil e um dos primeiros nomes que pensei foi o do Simon Phillips, porque sou extremamente fã e era um nome que eu sempre sabia que não poderia faltar no meu disco, já tinha o contato dele, nos falamos e funcionou super bem. Mesmo com Virgil Donati, já tinha tocado com ele, gravamos um Dvd, juntamente com o Kiko. O próprio Kiko foi um cara que eu sempre soube que não poderia faltar no meu disco, por toda a importância dele em minha carreira e pela referência que ele é para mim, como artista solo de música instrumental. E todos os outros músicos que participaram, sem contar o Bruno Valverde, meu companheiro de Angra e vários outros projetos. Dallton Santos, Antônio Teoli, Nakama, Bruno Alves, todos esses caras deram as suas caras para os arranjos e tornaram o disco muito melhor do que eu pudesse ter feito sozinho. Apesar de ser um trabalho que eu assino, tem todas essas pessoas com suas caras e interpretação.   

entrevista felipe andreoli angra

Foto Crédito: Divulgação Felipe Andreoli

Fale um pouco sobre a capa de Resonance?
Felipe:
Desenvolvi o conceito junto com o Gustavo Sazis. A minha ideia de falar sobre ressonância, tem muito a ver com o meu instrumento, com o ressoar do baixo, dos graves e aquela sensação de quando vai num show e você sente o grave batendo no peito, é isso que eu queria transparecer com o nome e com a arte do disco. Sempre assisti vídeos com experimentos com prato de chladni, onde você coloca areia num prato de metal e aí você coloca uma fonte sonora em baixo, esse som cria padrões simétricos nesse prato, que simplesmente pela vibração do prato a areia se desloca e forma esses patrões muito loucos e diferentes. Falei com o Gustavo de como poderíamos aproveitar essa ideia no prato de chladni, na capa do disco. Ele foi muito além, ele criou uma arte que é o meu logo na verdade, que ele mesmo desenhou, só que ele foi e criou, em vez com areia no photoshop, ele criou com café. E eu amo café, então tem tudo a ver comigo, criando uma arte que eu achei sensacional, fantástica. Uma arte feita à mão, diferente de coisas com photoshop. É raro ver um disco com uma arte plástica como essa.

entrevista felipe andreoli angra

Mudando de assunto agora, uma notícia que nos deixou muito felizes, foi quando ficamos sabendo que você iria participar da tour do Sons of Apollo, pela América do Sul, substituindo Billy Sheehan. Como foi essa experiência? Como foi substituir Billy Sheehan?
Felipe:
Cheguei de viagem recentemente, fiz shows com eles na América do Sul, foi uma experiência surreal. O Felipe adolescente, jamais poderia imaginar, que estaria, não sei quanto tempo depois, tocando com Mike Portnoy, Derek Sherinian, Jeff Scott Soto e Bumblefoot, e muito menos substituindo Billy Sheehan, um dos meus grandes heróis do baixo. Foi uma experiência transformadora e que exigiu muita preparação e foco, especialmente pelo momento que a gente viveu aqui em casa, filhos doentes bem na semana anterior. Também tem o desafio extra de você tocar com baixo de 02 braços, que torna tudo pelo menos 30% mais difícil, e as músicas também já são complicadas. Mas foi um desafio prazeroso e eu adoro ser desafiado dessa forma, o estilo de som é totalmente minha praia, o prog metal. E também olhar em volta do palco e ver aqueles caras tocando comigo e perceber que eles estão curtindo tocar comigo, ser aceito como parte da família, foi muito legal. A interação, tanto no palco, como fora , foi sempre muito bacana. Foram dias muito prazerosos, nos divertimos, fizemos piada, tocamos juntos, saímos para degustar as delicias culinárias dos locais. Uma conexão muito bacana!
Espero quer não termine por aí, que possamos fazer outras coisas no futuro. Evidentemente o baixista da banda é o Billy Sheehan, eu estava simplesmente substituindo ele. Mas individualmente já teve conversas com um deles, sobre projetos no futuro, ideias, onde poderíamos fazer algo juntos. E eles me convidaram para participar num festival na Armênia, onde eles vão tocar, agora em setembro, no dia 05, e vou tocar baixo também. É um contato que vai ser para sempre, por ter sido tão legal e tão positivo para todo mundo.

entrevista felipe andreoli angra

Foto Crédito: Andre Tedim

Com a vida, pós-pandemia, voltando ao normal, quais os seus planos para o restante de 2022? E um recado para os fãs e leitores da Revista Freak.
Felipe:
Tenho shows solos, workshops, show com o Matanza Ritual, dia 02 de setembro no Rock in Rio. Dali viajo para Armênia, para tocar no dia 05, com o Sons of Apollo. No dia 06 volto para o Brasil, para a turnê com o Matanza Ritual, que vai passar pelo Sul e o restante de setembro tem outras datas que devem ser estendidas até outubro.
Enquanto no restante vou estar com o Angra, no processo de composição do novo disco, com arranjos e organizando as ideias e algum show com a banda no final de outubro.
Em novembro entramos em estúdio com Dennis Ward, gravando por todo mês. Em dezembro mais shows com o Angra até o dia 12. Uma agenda bem cheia até ao final do ano, o que é excelente, depois de tanto tempo parado.
Um grande abraço para todos leitores da Revista Freak e muito obrigado pela entrevista. Até breve!

entrevista felipe andreoli angra

Foto Crédito: Andre Tedim

Vídeos:

Discografia:

entrevista felipe andreoli angra

Resonance

Felipe Andreoli

2021

entrevista felipe andreoli angra

Ømni 

Saxon

2018

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Secret Garden 

Saxon

2014

entrevista felipe andreoli angra

Aqua 

Saxon

2010

entrevista felipe andreoli angra

Aurora Consurgens

Angra

2006

entrevista felipe andreoli angra

Temple of Shadows 

Angra

2004

entrevista felipe andreoli angra

Rebirth World Tour – Live in São Paulo 

Angra

2003

entrevista felipe andreoli angra

Hunters and Prey 

Angra

2002

entrevista felipe andreoli angra

Rebirth 

Angra

2001

entrevista felipe andreoli angra

Motion

Almah

2011

entrevista felipe andreoli angra

Fragile Equality 

Almah

2008

entrevista felipe andreoli angra

Nomad 

Di’Anno

2000

entrevista felipe andreoli angra

Open Source 

Kiko Loureiro

2020

entrevista felipe andreoli angra

The White Balance

Kiko Loureiro

2013

entrevista felipe andreoli angra

Sounds of Innocence

Kiko Loureiro

2012

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Fullblast 

Kiko Loureiro

2008

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