Resenha: “Rashomon” – Ibaraki (2022)

Resenha: “Rashomon” – Ibaraki (2022)

August 11, 2022 0 By Geraldo Andrade

Matt Heafy, vocalista e guitarrista do Trivium, lançou o primeiro álbum do projeto Ibaraki. O trabalho chama-se “Rashomon”,  lançado pela Nuclear Blast e distribuído no Brasil pela Shinigami Records.

A expectativa era grande entre os fãs do Trivium, que aguardavam ansiosamente pelo trabalho.

O projeto, traz o músico executando um black metal com uma temática que tem relação direta com as origens de Matt, nascido em Iwakuni, Japão, filho de mãe nipônica.

Rashomon é um álbum que começa com muita criatividade e vigor , mostrando todo talento de Matt.

Temos um álbum de black metal que nos presenteia com uma história inspiradora . De acordo com a biografia do músico, Rashomon foi um projeto de paixão desenvolvido ao longo de vários anos e finalizado durante a pandemia.  O nome Ibaraki, vem de um terrível demônio japonês da lenda feudal.

O álbum abre com a música “Hakanaki Hitsuzen”, esta abertura sinfônica chama a atenção, é impressionante em sua semelhança com a música folclórica russa com ótimas vocalizações. Lembrando que vários elementos de folclore são espalhados por todo o álbum na tentativa de adicionar consistência. É oficialmente revisitado na música de encerramento do álbum “Kaizoku”.

A segunda música “Kagutsuchi”, é onde o metal se instala. Pesquisei e descobri que “Kagutsuchi” é o Deus do Fogo na mitologia japonesa. O grito metálico de Heafy executado durante os versos, são o destaque.  Os vocais no refrão redimiram o interesse no álbum, apresentando uma versão que lembra Serj Tankian, vocalista do System of a Down. Na marca de 4:15, a música se transforma em um ambiente quase prog-rock.

Heafy teve muita ajuda de amigos famosos e inspirações musicais pessoais. O baterista do Trivium, Alex Bent, o baixista Paolo Gregoletto e o guitarrista Corey Beaulieu ajudaram em várias faixas. Destaco “Akumu”, que apresenta Nergal do Behemoth, é a mais próxima do black metal tradicional no álbum. Com letras que são um pesadelo épico.

A faixa “Rōnin”, a minha favorita do trabalho, apresenta vocais convidados de Gerard Way do My Chemical Romance, e com pitadas de rock progressivo. Seus vocais foram uma adição bem-vinda que elevou essa música e lembrou ao ouvinte o que ótimo vocalista, Way realmente é.

Há também várias histórias instigantes contidas no Rashomon que foram inspiradas no folclore japonês. Por exemplo, “Jigoku Dayū” conta a triste história da filha de um samurai que foi vendida para a prostituição e “Ibaraki-Dōji” conta a história de uma criança demônio. E tem uma bela introdução, ouça e saberá o que estou falando.

O convidado Ihshan, faz dueto vocal com Heafy em ‘Susanoo No Mikoto’, uma das composições finais concluídas para o álbum e uma das mais extremas. Um grande destaque do trabalho.

Falando da musicalidade, Rashomon é muito bom.

Muitas pessoas dizem que Rashomon não é o álbum de black metal de Matt Heafy, no entanto, há uma forte influência do black metal na maioria das faixas e, finalmente, Ihshan guiou Heafy a fazer um álbum autêntico que não imita o que outras bandas estão fazendo. Este é Heafy fazendo o que ele quer fazer, contando histórias que ele quer contar, com um mentor e colaboradores que lançam um ataque de brutalidade contrastado com musica serena. Não é nada como Trivium, e não é apenas black metal, mas é inteiramente Matt Heafy .

ibaraki

Músicas

1. Hakanaki Hitsuzen
2. Kagutsuchi
3. Ibaraki-Dōji
4. Jigoku Dayū
5. Tamashii No Houkai
6. Akumu (participação Nergal)
7. Komorebi
8. Rōnin (participação Gerard Way)
9. Susanoo No Mikoto (participação Ihsahn)
10. Kaizoku

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