Especial: Parabéns a você, cinquentenário Heavy Metal!
February 20, 2020 0 By Rogerio HamamCinco bandas foram escolhidas para representar essa história, viajando pelas cinco décadas de uma trajetória que não queremos conhecer o fim. Aqui não há fatos novos ou algo jamais revelado, o relato transita por momentos marcantes e acontecimentos que serão sempre lembrados.
A data é 13 de fevereiro de 1970. Aqui, o Black Sabbath apresentava ao mundo um estilo musical que marcaria gerações, fazendo milhões de pessoas pelo mundo inteiro confundirem sua própria história com a discografia das bandas, com os shows, riffs pesados, solos de guitarra, viradas de bateria, baixos cavalgantes e longos agudos vocais que se transformaram em verdadeiros clássicos do rock.
Talvez o começo de tudo seja o momento em que Tony Iommi foi chamado na fábrica em que trabalhava para operar uma prensa mecânica, no lugar de um colega que havia faltado, e, num momento de distração, acabou tendo decepada a falange distal dos dedos do meio e anelar. O que poderia ser considerada uma tragédia, mudou para sempre a história da música! Tony começou a improvisar e usar encaixes de plástico derretido nas pontas dos dedos para poder tocar e continuar os ensaios junto com seus colegas de banda: Bill Ward, Geezer Butler e o futuro príncipe das trevas, senhor Ozzy Osbourne.
No fim de 1969, esses meninos, então com 20 ou 21 anos, começaram a gravar as sete faixas do álbum de estreia que levava o nome da banda e com a primeira faixa da audição que levava o nome do álbum: “Black Sabbath”. A atmosfera sombria e a letra “… Satan´s sitting there, he´s smiling…”, nos fazem acreditar que, se realmente o diabo existe, ele adora ouvir essa música. A faixa “N.I.B.” não é apenas uma das primeiras músicas com efeitos de pedal wah-wah no baixo, mas também são três letras que juntas têm o significado da história de um demônio que se apaixona por uma pessoa humana. Como não ser fã de uma banda, que poucos meses depois de lançar seu primeiro álbum, consegue inspiração para gravar “Paranoid”, “Iron Man” e “War Pigs” em seu segundo registro. Definitivamente a história do heavy metal se confunde com a história do Black Sabbath, nos seus dezenove álbuns e na passagem de seus integrantes, que incluem simplesmente Ronnie James Dio e Ian Gillan !!!
Não demorou tanto tempo assim para aparecer seguidores do estilo e muitas outras bandas para surfar na mesma onda. Mas precisou de Rodger Bain, o mesmo que produziu os três primeiros álbuns do Black Sabbath, mostrar que não apenas tinha competência como produtor, mas também faro para revelar novos talentos. Prova disso é que também assina, em 1974, a produção do álbum “Rocka Rolla”, de uma banda que buscava a identidade de seu som com uma dupla de guitarristas, K.K. Downing e Glen Tipton, com o baixista Ian Hill e um certo Rob Halford nos vocais. Para o texto não ficar incompleto, sim, a banda tem nome: Judas Priest.
Diferentemente do Black Sabbath, o álbum de estreia do Judas Priest não é aquele registro inesquecível e fundamental que consagrou a banda. “Rocka Rolla” apresenta os traços marcantes das guitarras que ajudaram a moldar o heavy metal e a impressionante técnica vocal do “Deus do Metal”, que confunde qualquer professor de canto ao definir a classificação do timbre de Halford, entre barítono e tenor.
“Victim Of Changes” e “The Ripper” já aparecem no segundo lançamento, em 1976, “Sinner” e “Hell Bent For Leather” vieram pouco tempo depois como prenúncio do clássico álbum “British Steel”, lançado em 1980. Nele é possível ouvir hinos da banda que perduram por quarenta anos, como “Living After Midnight”, “Metal Gods” e “Breaking The Law”. Podemos dizer que essa é uma fase tão essencial, que é possível ouvir um pouco de Judas Priest, em noventa e cinco de cada cem bandas de heavy metal.
A década de setenta inspirou outra estreia, que impressionantemente coincide com o mesmo dia do lançamento de “Birtish Steel”. Em 14 de abril de 1980, chega também às lojas, o álbum “Iron Maiden”. E nessa banda, quem manda é o baixista, e como manda bem!
Steve Harris foi incansável, desde 1975, até achar a formação ideal para gravar o primeiro álbum, que tinha também o guitarrista Dave Murray e o vocalista Paul Di´Anno. Foram eles que tocaram “Running Free” ao vivo no Top Of The Pops e também “Sanctuary”, “Phantom Of The Opera” e a música tema “Iron Maiden” em diversos shows de abertura para o . . . Judas Priest!
Mas foi em 1982 que o heavy metal mudou de patamar. Com Bruce Dickinson nos vocais, Adrian Smith compondo a dupla de guitarristas, Clive Burr na bateria junto aos outros dois membros originais, saiu clássico álbum “The Number Of The Beast”. Desconhecer a música título, “Run To The Hills” ou “Hallowed Be Thy Name”, é não saber absolutamente nada sobre o estilo ou sobre o número da besta que misteriosamente acompanhou a banda na gravação. Além das luzes que acendiam e se apagavam sem nenhuma explicação, Martin Birch bateu seu carro e teve que pagar a conta do conserto: 666 libras esterlinas.
Não deveria ser difícil prever que a banda, que estampava suas capas de álbum com um personagem em formato de caveira, em todos seus dezesseis registros completos de músicas inéditas, seria capaz de lotar arenas e estádios em todo mundo por mais de 40 anos. Difícil mesmo seria prever que outra banda, que surgiu um ano depois, teria essa mesma capacidade de juntar dezenas de milhares de pessoas para assistir seus shows. E, dessa vez, ao contrário das outras três, não é uma banda inglesa.
Diretamente da California, nos Estados Unidos, quatro rapazes assumiram a missão de reinventar o heavy metal, com ainda mais força e agressividade. Melhor nome para a banda não poderia existir: Metallica. E assim, depois de uma turbulenta saída do guitarrista Dave Mustaine, às vésperas da gravação do primeiro álbum, James Hetfield (guitarra e vocal), Lars Ulrich (bateria), Kirk Hammet (guitarra) e Cliff Burton (baixo) lançam “Kill´Em All” e o mundo passa a conhecer um novo jeito de fazer música pesada, com “Seek & Destroy”, “Motorbreath” e “The Four Horsemen”, sendo transformadas em clássicos instantâneos do metal.
Viriam ainda, antes da virada da década, mais álbuns espetaculares como “Ride The Lightning” e “Master Of Puppets”, esse, considerado por muitos, o melhor álbum de metal de todos os tempos. Mas foi em 1991 que aconteceu o inimaginável: o metal virou pop.
Pop no sentido popular, de todo mundo conhecer e cantar as letras completas de “Enter Sandman”, “The Unforgiven”, “Sad But True” e “Nothing Else Matters”, todas músicas integrantes daquele que é conhecido como ”Black Album”, comprado por cerca de 40 milhões de pessoas em todos os cantos do planeta.
Escolher uma quinta banda para compor esse time de galácticos, nomes que serão lembrados por séculos, assim como artistas clássicos como Beethoven, Mozart ou Bach, não é tarefa simples. Poderia citar a importância do Saxon ou Motorhead, que firmaram o movimento do heavy metal na década de 70, ou as bandas alemãs que aceleraram as cavalgadas de guitarra e as batidas de bateria como o Accept ou Helloween, até mesmo Pantera ou o Sepultura, nosso orgulho nacional.
Mas a opção foi por uma banda mais contemporânea, que lançou seu álbum de estreia no final da década de 90, precisamente em 1999. Com nove integrantes – sim, nove – com um som extremamente pesado e a produção do show que trazia um ambiente caótico, os integrantes ainda escolheram tocar com máscaras assustadoras que passavam por personalizações de jogador de hóquei, capacetes com pregos martelados, porco raivoso, bobo da corte desequilibrado, o kabuki do teatro japonês e o sempre temido palhaço com cara de assassino, provocando intermináveis pesadelos naqueles mais desavisados.
Quando ninguém esperava qualquer tipo de inovação na música pesada, surgiu o Slipknot, conciliando melodia com extrema agressividade, comandada pelos guitarristas Mick Thomson e Jim Root, o vocal gutural com timbre melancólico de Corey Taylor, a bateria insana e extremamente veloz de Joey Jordison, o marcante baixo do saudoso Paul Gray e os inusitados instrumentos comandados pelos percussionistas Chris Fehn e Shawn Crahan, pelo sampler Craig Jones e até com o DJ Sid Wilson.
“Spit It Out”, “Wait And Bleed” e “Duality”, são algumas das obras dessas mentes insanas e brilhantes. Mas, certamente, vem muito mais por aí! Esse século também apresentou bandas como System Of A Down e Avenged Sevenfold, trazendo a sensação que a história continuará por muitos outros anos.
Heavy Metal, parabéns pelo seu primeiro cinquentenário e por ser a trilha sonora de verdadeiras legiões de fãs!!
48 anos, apaixonado por rock desde que assistiu o show do Kiss no Morumbi, em 1983. Nasceu e viveu sempre em São Paulo, desde cedo aprendeu a tocar guitarra e hoje escreve sobre aquilo que mais gosta.
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