PANDEMMY lança “Faithless”: Um retrato distópico da pandemia e do cenário político

PANDEMMY lança “Faithless”: Um retrato distópico da pandemia e do cenário político

October 10, 2024 0 By Geraldo Andrade

A banda pernambucana PANDEMMY anuncia o lançamento de seu quarto álbum, intitulado “Faithless”, disponível em todas as plataformas digitais e em breve em formato físico pela Voice Music.

O álbum captura o contexto em que suas faixas foram predominantemente compostas: a pandemia de COVID-19, período marcado por uma crise global que deixou um rastro de sequelas físicas e psicológicas, além das milhões de vidas perdidas. Durante o isolamento, sentimentos de incerteza, ansiedade, solidão e indignação frente aos abusos da extrema-direita dominaram a vida dos integrantes da banda, formada atualmente por Guilherme Silva (vocais e guitarra), Pedro Valença (guitarra) e Aquiles Albino (baixo). De acordo com Pedro Valença, o álbum “representa musicalmente e liricamente o nosso ápice em termos de maturidade de composição, arranjo e de expressar nossas impressões sobre a realidade quase distópica da sociedade ocidental”.

A belíssima arte da capa, assinada por Juh Leidl, conta com representações visuais que fazem referência a terrível Peste Negra, uma das pandemias mais devastadoras da história humana, ocorrida entre 1347 e 1351 e responsável pela morte de 75 a 200 milhões de pessoas na Europa, Ásia e Norte da África, reduzindo drasticamente a população mundial. Nesta arte tão simbólica há também algumas expressões humanas que refletem o sofrimento diante de uma situação que a vida está gravemente ameaçada. O relógio e a bússola, numa ideia de desmanche, refletem a relação com o tempo (que parecia estar mais lento durante a pandemia) e a falta de direcionamento que muitos sentiram. A engrenagem no centro da arte pode ser associada às relações de trabalho severamente precarizadas nos últimos anos.

Inicialmente, a temática de “Faithless” seguiria temas mais abstratos e fictícios, com o intuito de propor um novo desafio lírico, visto que a banda se posicionou firmemente diante da tragédia política e social que assolou o Brasil entre 2016 e 2020 em seu álbum anterior, “Subversive Need” (2020).  No entanto, os contínuos absurdos presenciados após o lançamento deste álbum foram tão grandes, que ficou impossível não escrever sobre aquela realidade quase distópica potencializada pela pandemia e pelo cenário político. Para Pedro Valença, “abordar temas políticos e se posicionar tem duas consequências antagônicas. Ela pode atrair quem pensa de forma semelhante, ao mesmo tempo que afasta quem reproduz o senso comum de que música e política não deveriam se misturar”. Ele explica ainda que “seria desumano não falar sobre o que nos revolta diariamente, isso é a motivação para escrever sobre política, geopolítica, capitalismo, … A diferença é que não generalizamos, damos nomes ao que a ciência aponta como causa das mazelas humanas”.

Do ponto de vista musical, “Faithless” representa mais um passo à frente no desafio que envolve ser uma banda de Death/Thrash Metal brasileira. Apesar de compor o underground nacional, a produção musical teve o objetivo de soar da forma mais pesada, nítida, orgânica e contemporânea, sem se apegar a fórmulas ou rótulos. O ouvinte irá notar que as composições estão mais e melhor bem arranjadas em todos os sentidos, sejam nas melodias ou nas passagens mais agressivas. “Faithless” é a melhor obra de arte que o PANDEMMY já apresentou em seus quinze anos de atividades ininterruptas. As músicas foram gravadas no Demise Studio, em Recife, cidade natal da banda, entre janeiro e abril de 2024, e posteriormente mixadas/masterizadas no On Hold Studio. O grupo manteve a parceria com o produtor Cristiano Costa, também responsável pela pós-produção do álbum “Subversive Need”, de 2020.

pandemmy

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