Entrevista: JIMMY LONDON fala em entrevista exclusiva a Revista Freak
August 29, 2020 0 By GemaConversamos com JIMMY LONDON, que nos atendeu diretamente de sua casa no Rio de Janeiro, via Skype, e contou através de um bate-papo muito descontraído sobre sua carreira no mundo da música, além de seu trabalho como apresentador, ator e entrevistador.
JIMMY LONDON é realmente uma pessoa interessante de se conversar. Suas histórias vão desde sua trajetória em uma das mais importantes bandas que apareceram nos anos 2000, a MATANZA, passando por uma extensa carreira de apresentador, ator, entrevistador e como ele mesmo se denomina, “comentarista” nos maiores e mais importantes festivais do Brasil como Rock In Rio e Lollapalooza. Atualmente Jimmy está com dois projetos musicais: o ‘Matanza Ritual’, que reúne grandes nomes do metal nacional para celebrar o legado do Matanza e ‘Jimmy & Rats’, uma banda com um estilo country / folk único no Brasil. Aproveitamos a quarentena para conversar com Jimmy e ouvir direto da fonte as suas grandes histórias do palco e backstage. Check this out!
Foto: Divulgação Jimmy London
Eduardo: Primeiramente muito obrigado por ter aceito o convite e para começar você poderia falar sobre seu projeto MATANZA RITUAL?
Jimmy: Esse projeto é muito louco porque eu sinto muita falta do palco, sinto muita falta dos shows do Matanza. Os shows eram uma loucura, pegavam fogo! O público era uma rapaziada muito louca. O show era uma vomitada louca. Me divertia muito. Resolvi juntar uns malucos gente boa para fazer uns shows. Esses caras tocam muito e são profissionais. O objetivo era ser divertido, aí veio essa pandemia e mudamos um pouco o caminho, compusemos e tudo está rolando bem demais.
Gema: Você sempre foi um cara enérgico e você estava muito quieto comentando o Rock in Rio, como foi para você se segurar para não falar umas verdades?
Jimmy: Complicado porque ali o negócio é uma loucura, é muito trabalho, mesmo quando você não está ao vivo você está trabalhando demais. Não pude ver o último show do Slayer no Brasil que aconteceu no local que eu estava trabalhando. Mas o Tom Araya tem sido tão escroto ultimamente que no fim nem fiquei tão chateado assim. Lembrei dos outros shows do Slayer que eu vi, onde eu não tinha essa opinião sobre ele e quer saber? Melhor manter essas outras memórias.
Eduardo: Tem mais alguma desilusão em relação aos seus artistas preferidos quando você os entrevistou?
Jimmy: Eu não sou um profissional do lance de entrevistar, mas entrevistei vários monstros como Pete Townshend, James Hetfield, Kerry King, Nicko McBrain… o Kerry estava meio bolado, mas tinha acabado de sair do palco, porque aquele cenário é do lado do palco literalmente. Era uma época ruim, por causa da morte do Jeff Hanneman, companheiro de banda, mas ele não foi escroto. Dei sorte! O único escroto comigo foi o cara do Mastodon, mas depois a produtora veio pedir desculpas e disse que ele estava com uns problemas, mas pensando bem, eu também posso ter sido muito carioca, meio folgado na entrevista, mas foda-se também!!
Com James Hetfield no Rock in Rio. Foto: Facebook Oficial Jimmy London
Gema: Como foi o começo da sua carreira, quando você descobriu que iria cantar?
Jimmy: Cara desde moleque sempre gostei de aparecer, sempre gostei muito de música e de rock, primeira banda que eu me lembro que tive eu estava com 11, 12 anos de idade, ser artista sempre este presente na minha vida, e ser músico demorou muito tempo para eu me considerar, tive que ter uma relação muito longa com a música para me considerar um músico de verdade.
Gegê: Como será o set list do show do Matanza Ritual?
Jimmy: Então, se tivesse saído nas datas determinadas, a gente iria tocar um monte de músicas do Matanza, Motorhead, Anthrax, porque os caras tocam demais e aí fica fácil. A primeira vez que a gente ensaiou foi a melhor vez que eu ouvi as músicas do Matanza serem executadas. Eles tocam as músicas de um jeito muito fácil, o problema da banda era eu que esquecia letra, eles tocam muito tranquilos como se já estivessem tocando há 15 anos juntos!
Foto: Divulgação Matanza Ritual
Eduardo: Falando em Motorhead, como foi abrir os shows da banda?
Jimmy: A gente abriu três show do Motorhead, em SP e no Nordeste. É foda porque o Motorhead era a cara do Lemmy com uma equipe de som educada demais!! Os caras esperavam a gente passar o som, não pesavam na nossa e o Lemmy era uma dedicação ao rock, nessa turnê ele já estava bem ruim de saúde, você via isso antes do show, mas durante o show o cara era muito profissional, é uma lenda. Fez o lance acontecer do jeito que ele quis, viveu no limite! Fazia a coisa que estava no sangue dele mesmo!
Gegê: E o ‘Matanza Fest’ vai continuar?
Jimmy: Isso é um projeto meu mesmo e eu tenho muito carinho por ele. Sofri muito para isso acontecer, porque não era o melhor cenário para a banda. Fazíamos shows com o mesmo número de pessoas que o festival, mas as pessoas começaram a cair em si que o lance era muito bom e o legal é que depois de anos em uma entrevista, vocês ainda lembram desse lance. Uma hora volta com certeza!
Foto: Iana Domingos / Facebook Oficial Jimmy London
Gema: Você não acha que o Matanza era uma banda que corria na contramão total do que acontecia no Brasil?
Jimmy: Sim, porque éramos independentes de tudo, porque tínhamos uma segurança de um público que fazia a coisa acontecer, tínhamos uma estabilidade muito boa e eu enxerguei o Matanza como uma empresa, porque a banda é uma empresa, um trabalho, pode ser divertido mas é um trabalho. Me preocupava com as contas, vivia resolvendo as coisas durante a semana e eram muitas coisas. Mas fiz tudo dignamente sem passar por cima de ninguém e rolou!
Eduardo: E foram mais de 20 anos de banda!
Jimmy: 22 anos de banda nesse esquema, eu mudei muito durante esse tempo, era um moleque irresponsável, e nesse processo fui mudando, tentei ser melhor, parei de beber e comecei a enxergar a coisa como uma empresa, entendi que o trabalho de segunda-feira era tão importante como de sábado!
Foto: Facebook Oficial Jimmy London
Gegê: Por falar em mudar, eu assisti uma entrevista que você está fazendo academia, correndo, malhando, como está esse novo Jimmy?
Jimmy: Pois é… por causa do maior incentivador que é o medo de morrer, estou com 43 e vou fazer 44. O show era pesado demais e eu gosto de fazer a coisa ser intensa e chegou uma época que comecei a não dar conta, aí a ficha foi caindo, parei de fumar de beber comecei a fazer exercício e peguei o maior vício! Nessa pandemia fico aqui fazendo exercício. Estou me sentido muito bem e me achando mais jovem do que há 15 anos atrás! Esta é a última vez que vou viver!
Eduardo: O Matanza Ritual a princípio era para celebrar as músicas da banda, mas pelo que entendi pode virar uma banda de músicas inéditas?
Jimmy: Sim, acho que vai ser inevitável! Já estamos compondo, já tem um movimento para ser uma banda de composições novas. Claro que sem stress, mas com calma estamos fazendo a coisa acontecer, vai ser difícil segurar o rebento na barriga! E eu fico muito feliz porque é sinal que ainda tem juventude no cérebro e vontade de aprender coisas novas.
Gema: Qual o sentimento quando uma banda como o MATANZA que tinha tanto a sua cara acaba?
Jimmy: É meio doido, rola um momento de muita preocupação, porque a gente sente que já não havia aquele sentimento de banda, o início era muito bom, os últimos tempos foram muito esquisitos, e um momento muito esquisito foi aquela greve dos caminhoneiros que ficamos 3 semanas sem fazer shows e ali desmarcando datas eu pensei que não estava doendo tanto pensar na vida sem a banda. Fomos acabando a banda aos poucos e eu já estava envolvido em muitas outras coisas, tanto que no dia do último show do Matanza eu estava fazendo um filme e saí correndo do aeroporto, então não deu tempo de a cabeça processar. Mas eu não tenho nenhuma mágoa e não fico chateado não!
Eduardo: No Jimmy & Rats a coisa é mais country e eu acho legal demais essa mistura de instrumentos, banjos e tal… aquela música que vocês gravaram a “Sol Menor” é uma baita sonzeira!
Jimmy: A banda é muito legal! O Fernando é meu parceiro de composição há muito tempo. O cara é genial, toca todos instrumentos do mundo, gravamos coisas e acabamos nunca lançando, a gente tem uma parceria muito grande por causa do country. A gente compunha coisas para ser muito country, aí eu levava para o Matanza e ficava com cara de rock, meu lance é ouvir essas coisas mais calmas, country, blues, essas coisas! O “Sol Menor” é uma zoação de um verão absurdo que teve e a música era uma zoeira, era para ser uma música meme, e gravamos. A música ficou demais! O bom dessa banda é que temos pouca responsabilidade, não tem que prestar conta, se ficar maneiro, lançamos!
Foto: Divulgação Jimmy & Rats
Gema: Você tem um público bem característico!
Jimmy: Eu gosto dessa galera! Acho que eles gostam do jeito que eu falo as coisas, claro, curtem a música, mas também acho que eles curtem o jeito que converso com eles, faço questão de conversar olhando no olho, ouvir todo mundo, trocar ideia. Também acho que eu consigo escolher as pessoas certas que vão tocar comigo, as bandas ficam boas e acabo me dando bem!
Eduardo: Além de tudo o que a gente já conversou, você ainda tem uma carreira de produtor, ator e dublador!
Jimmy: Eu gosto de fazer muitas coisas. Acho que todo esse tempo que me dediquei ao Matanza, poderia ter feito mais coisas. Acho que fiquei muito obcecado, porque é muito difícil uma banda acontecer no Brasil, então não teria outro jeito, mas agora estou podendo fazer outras coisas como atuar que é difícil demais, mas minha falta de vergonha ajuda, minha impostação de voz também, é super difícil, é uma coisa mental demais, mas eu gosto dessas coisas e estou me divertindo bastante. No Rock in Rio eu não sou um apresentador, sou comentarista, é mais tranquilo, falo o que pensei sobre o show pro meu gosto, se foi bom ou não, não tenho tanta obrigação e não acho complicado, atuar sim.
Foto: Facebook Oficial Jimmy London
Eduardo: E assim que passar a pandemia, retorna o Matanza Ritual e o Jimmy & Rats? Mais algum projeto?
Jimmy: Bom, de banda já chega esses né? Eu pensei que ia sair dessa pandemia cheio de coisas e não foi bem assim. Estou tentando escrever um livro, que é difícil demais, pedindo ajuda aos meus amigos que sabem escrever e to doido para fazer show! É uma falta física de fazer show, é minha vida! A gente se vê aí na estrada!
Assista a entrevista na íntegra abaixo:
Discografia
‘Ao Vivo No Alto Estúdio‘
Jimmy & Rats
2018
‘Pior Cenário Possível”
Matanza
2015
‘Thunder Dope”
Matanza
2012
‘Odiosa Natureza Humana’
Matanza
2011
‘MTV Apresenta Matanza‘
Matanza
2008
‘A Arte Do Insulto’
Matanza
2006
‘To Hell With Johnny Cash ‘
Matanza
2005
‘Música Para Beber E Brigar ‘
Matanza
2002
‘Santa Madre Cassino ‘
Matanza
2002
Visite o site www.jimmylondon.com.br
Gema. 46 anos dos quais 32 foram consumindo e tocando Rock n Roll.
Baterista, de bandas da cena de são Paulo e agora fazendo rock n roll na Espanha com a banda THE ROCK MEMORY.
Geraldo Andrade
Geraldo “Gegê” Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.
Edu Rod
Designer e músico apaixonado por arte e rock n’roll. Gaúcho de Porto Alegre, já morou em São Paulo, Nova York e atualmente reside em Madri, na Espanha. Em seu currículo como músico tem passagem como baixista das bandas Rosa Tattooada (Porto Alegre), Jungle Junkies (NY) e Monodrive (SP).
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