Entrevista: JAIRO “TORMENTOR” GUEDZ fala sobre Sepultura, The MisT e sua nova banda THE TROOPS OF DOOM
July 16, 2020 0 By Geraldo AndradeConversamos com JAIRO “TORMENTOR” GUEDZ, que falou em entrevista exclusiva para a Revista Freak, diretamente de sua casa em Belo Horizonte via Skype, sobre a época com o SEPULTURA, sua carreira com o THE MIST, o mais novo projeto THE TROOPS OF DOOM e muito mais.
JAIRO “TORMENTOR” GUEDZ é um dos precursores e uma personalidade do metal nacional, que além de ser conhecido como um dos criadores da maior banda de Heavy Metal do Brasil, o SEPULTURA, participando de toda a importante cena de metal de Belo Horizonte dos anos 80, traz em sua bagagem uma consolidada carreira com as bandas THE MIST, EMINENCE, THE SOUTHERN BLACKLIST e atualmente está trabalhando em seu mais novo projeto que criou juntamente com Marcelo Vasco (guitarra), Alex Kafer (vocal e baixo) e Alexandre Oliveira (bateria), THE TROOPS OF DOOM e será lançado em breve via ‘Blood Blast’. Fomos conversar com Jairo para saber tudo que está rolando e aproveitar para ouvir da própria fonte as grandes histórias de quem ajudou a desenvolver o metal no Brasil. Check this out!
Foto: Divulgação Jairo “Tormentor” Guedz
Gegê: Muito obrigado Jairo por ter aceito o convite para conversar com a gente?
Jairo: É um prazer!
Eduardo: As coisas estão acontecendo né Jairo com a banda nova? Uma surpresa!
Jairo: Na verdade a gente nem esperava por isso, claro que a gente confia no trabalho, mas no meio de uma pandemia dessas você fica desconfiado. Está acontecendo tudo muito rápido. Já estamos mixando o EP no estúdio do Marcelo Vasco e mandamos masterizar no estúdio do Øystein, guitarrista do Borknagar, na Noruega.
Eduardo: O Marcelo Vasco é um grande artista gráfico além de um ótimo músico. Ele é o responsável por essa parte?
Jairo: O Marcelo é um grande artista gráfico mesmo, eu também entendo bem desta parte e faço no The MisT, mas estou preferindo focar nas músicas e ele também já pediu pra futuramente terceirizar essa parte para também poder focar somente nas músicas!
Foto: Divulgação The Troops Of Doom
Gegê: E essa formação da banda como surgiu?
Jairo: Essa formação veio de um projeto feito há 3 ou 4 anos. Eu já era muito amigo do Alex desde os tempos de Sepultura, o Marcelo acabei conhecendo depois, e iniciamos um projeto que teria o Stian Shagrath do ‘Dimmu Borgir’ no vocal, mas tivemos que engavetar porque não batiam as agendas, o Shagrath estava muito ocupado e eu sou um músico de estrada, não adianta, quero lançar disco e ir para a estrada. A vida seguiu eu estava sem tempo, o The MisT estava com muitos shows, mas veio essa quarentena e com a pandemia resolvemos retomar o projeto, montar uma banda para gravar e cair na estrada. A formação ficou ótima. É uma banda careta! No início não tínhamos nem o nome ‘THE TROOPS OF DOOM’ que por ser uma música antiga minha da época de Sepultura, estava na minha cabeça. Tínhamos a ideia de fazer músicas inéditas e alguns covers, tive o aval de todos do Sepultura e agora serão 6 músicas, sendo 4 do TROOPS e 2 regravações de minha autoria com o Sepultura, “BESTIAL DEVASTATION” e “TROOPS OF DOOM” e com a formação fechada comigo, o Alex, o Xandrinho e o Marcelo.
Eduardo: E agora, com essa quarentena passando, já tem alguma coisa planejada?
Jairo: Estamos vendo um movimento com produtores, fechando datas de shows e festivais pelo mundo e temos um Booking aqui no Brasil correndo atrás, porque eu acho que quando a coisa melhorar vai ser uma loucura. Os produtores estão pensando que as coisas vão melhorar e arriscando datas para frente, se não der cancelam, temos algumas coisas marcadas para o ano que vem sim.
Foto: Divulgação The Troops Of Doom
Eduardo: E lives?
Jairo: Lives não porque estamos muito ocupados com a finalização desse EP. Temos que seguir um cronograma, estamos fazendo um videoclipe que sairá dia 5 de agosto e outro dia 16 de setembro e não temos como fazer essa live, estamos muito longe um do outro. O Alex mora na Barra lá no Rio, o Marcelo está no sul e o Xandrinho é aqui de Belo Horizonte como eu, mas estamos em ‘lockdown’ total.
Gema: Queria te agradecer primeiro por ser um dos precursores do heavy metal e fez parte, e ajudou a fundar, a maior banda da história do Brasil, e te perguntar se você tem essa noção da importância que é isso?
Jairo: Na verdade ninguém imaginava! Tocávamos por vontade mesmo, não tínhamos a menor consciência mercadológica do que estava por vir, mesmo quando ainda estava na banda, o Sepultura já tinha crescido muito e a galera lá de fora já curtia muito. Na verdade é muito difícil a própria banda enxergar o sucesso dela e eu me sinto super bem porque acho que sou o mais tranquilo de todos eles, nunca tive problema com nenhum deles e deixei a banda por vontade própria, convivo com todos tranquilamente. E a galera me respeita muito e tem esse carinho.
Primeira formação do Sepultura com Jairo “Tormentor” Guedz
Gema: O Sepultura não foi uma revolução no Brasil?
Jairo: Foi sim, se você pensar em Brasil dos anos 80, você vê que foi uma grande revolução. Tinha aquelas bandas brasileiras, era a mesma geração daquelas bandas, e quebramos muitos paradigmas para podermos fazer aquele som!! Sepultura é o maior produto brasileiro no mundo. Até o Pelé já tirou foto com a banda!
Eduardo: Você adquiriu o respeito da banda e do público também!
Jairo: A galera da uma moral muito grande para o The MisT, respeito meu público demais também e as coisas têm tudo para dar certo!!
Eduardo: Na verdade tudo que você a faz sai muito bem feito, até as suas coisas fora da música!
Jairo: Eu sou muito cuidadoso e o vocal do The MisT também é, então quando voltamos a banda, ensaiamos escondidos para não parecermos uns velhos ‘gagas’ tocando. Queríamos o melhor, e que não parecesse uns velhinhos no palco, e chegamos a conclusão de que valeria a pena. Mas foi muito estudada a volta, muito cuidada.
GG: O The MisT vai continuar então?
Jairo: Vai continuar e conciliar essas duas agendas não vai ser fácil não! Vai ser um problema só meu.
Foto: The MisT / Facebook Jairo “Tormentor” Guedz
Eduardo: e tem o lance do Metallica Cover também! Vai parar?
Jairo: Não! Estamos esperando para fazer uma live ainda nesse ano, mas o Metallica cover esse ano, em dezembro, comemora aniversário de 30 anos, o cover mais antigo de Metallica no Brasil. Mas estamos pensando em fazer um show de comemoração o ano que vem! Esse ano já era!
Gegê: E você toca baixo no Metallica Cover né?
Jairo: Sim, comecei a tocar baixo em 99 no ‘Eminence’ e saí em 2005. O pessoal do Metallica Cover me chamou e eu aceitei o desafio. Já era fã de Metallica, assim já estou com 10 anos de banda!!
Foto: Facebook Jairo “Tormentor” Guedz
Eduardo: E na estrada você já cruzou o Metallica?
Jairo: É uma banda difícil de cruzar, são grandes demais, eu conheço pessoalmente o Jason mas o resto não conheço!
Gema: O Jason foi um cara injustiçado no Metallica, não acha?
Jairo: Sim, é um cara tranquilo, mas deve ser isso que deve ter incomodado os caras, ele era muito moleque e não era um rockstar, e lá as ideias não são muito ouvidas nem aceitas.
Eduardo: Que bom que você conseguiu transitar nos dois lados do Sepultura depois do racha!
Jairo: Eu tenho essa transição e agradeço todos os dias por não ter feito parte disso, sou um apaziguador e não gosto de tretas, eu tive que conquistar essa posição e colocar rédeas nas coisas, porque não quero ouvir ninguém falando mal de ninguém, já toquei com os dois e não me perguntam nada. O Paulo é meu amigo, o Max também mas é mais complicado, e o Igor falo muito com ele, está em Londres focado no lance de música eletrônica!
Foto: Facebook Jairo “Tormentor” Guedz
Gegê: E como você vê o trabalho deles?
Jairo: Eu sou suspeito para falar e não seria honesto porque não ouvi direito o Cavalera Conspiracy, e o que eu posso falar é do novo do Sepultura, ‘Quadra’, que está muito bom e escuto todo dia nessa quarentena! É uma obra prima! Um álbum redentor, uma pena que tenha sido lançado na quarentena!! O Sepultura teve de cancelar muito shows!
Eduardo: E seus negócios fora da música, como está sua grife de capacetes e roupas?
Jairo: Eu montei meu pub muito tempo atrás e era dedicado totalmente ao público de moto e carro antigo. Me inseri muito nesse meio e desenvolvi uma micro fábrica de capacetes customizados exclusivos, não tinha 2 peças de cada coisa, era uma coisa ‘old school’, estilo ‘café racer’. Eu vendia muito na minha loja e comecei a lançar uma grife, mas era muito trabalhoso e não conseguia dar conta juntamente com as bandas e acabei vendendo para um amigo meu. Continuo com minha marca de roupas, mas os capacetes por enquanto não mais. Era muita coisa ao mesmo tempo!!
Eduardo: Jairo, desejamos muita sorte para você e foi uma honra poder falar com você! Você faz parte da história do metal nacional!
Jairo: Obrigado pela oportunidade e disponham quando precisarem!
Assista a entrevista na íntegra abaixo:
Discografia
‘Bestial Devastation ‘
Sepultura
1985
‘Morbid Visions ‘
Sepultura
1986
‘Phantasmagoria ‘
The Mist
1989
‘The Hangman Tree’
The Mist
1991
‘Ashes to Ashes, Dust to Dust ‘
The MisT
1993
‘Gottverlassen’
The MisT
1995
‘Chaotic System’
Eminence
1999
‘Humanology ‘
Eminence
1995
Visite o site www.cryptaofficial.com
Geraldo “Gegê” Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.
Gema
46 anos dos quais 32 foram consumindo e tocando Rock n Roll.
Baterista, de bandas da cena de são Paulo e agora fazendo rock n roll na Espanha com a banda THE ROCK MEMORY.
Edu Rod
Designer e músico apaixonado por arte e rock n’roll. Gaúcho de Porto Alegre, já morou em São Paulo, Nova York e atualmente reside em Madri, na Espanha. Em seu currículo como músico tem passagem como baixista das bandas Rosa Tattooada (Porto Alegre), Jungle Junkies (NY) e Monodrive (SP).
Matérias Relacionadas
About The Author
Geraldo "Gegê" Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.