Entrevista: FERNANDA LIRA fala sobre a sua nova banda CRYPTA
July 7, 2020 0 By Edu RodConversamos com a baixista e vocalista FERNANDA LIRA, que nos atendeu diretamente de sua casa em São Paulo, em meio a pandemia e com toda sua simpatia, nos contou sobre o seu novo projeto de Death Metal, CRYPTA.
Após anunciar seu desligamento da banda de thrash metal brasileira formada somente por mulheres com maior reconhecimento internacional até o momento, a NERVOSA, FERNANDA LIRA deixou pouco tempo para as lamentações dos fãs, apresentando seu novo projeto de Death Metal, a banda CRYPTA, que juntamente com Luana Dametto (ex-Nervosa) e as guitarristas Sonia Anubis (Burning Witches e Cobra Spell) e Tainá Bergamaschi (ex-Hagbard), já estão preparando material para o primeiro álbum, que será lançado pela Nalpalm Records e seu retorno aos palcos. FERNANDA nos atendeu diretamente de São Paulo e nos contou tudo que está rolando com sua nova banda CRYPTA. Check this out!
Foto: Divulgação Crypta
Gegê: Oi Fernanda, banda nova vida nova?
Fernanda: Vida nova, mas projeto não tão novo assim. A ideia inicial era ser um projeto paralelo da Nervosa, tanto que quando tivemos a ideia estávamos em tour. Mas com o desgaste das coisas resolvemos fazer o projeto mesmo e falamos com a Sonia. Estamos fazendo tudo com calma e foi uma coisa confortante porque quando saí da Nervosa já tinha um projeto engatilhado.
Eram 10 anos de Nervosa, foi uma separação difícil, pessoalmente falando, mas o bom é que não estamos começando do zero, porque eu agora conheço muita gente e está sendo uma experiência bem bacana. Sentindo os “friozinhos” na barriga que eu não sentia mais. Agora estou pronta para me entregar totalmente para a Crypta.
Foto: Facebook Crypta
Edu: E como vocês vão fazer? Porque a Sonia é holandesa, certo? Como farão para organizar tudo isso?
Fernanda: Na Nervosa já passávamos por isso, porque era uma de cada canto e já adaptávamos as coisas, compúnhamos mesmo longe e tínhamos um QG em São Paulo para nos reunir antes dos shows e turnês. Com planejamento tudo rola! E no caso da Sonia na Holanda, é fazer as coisas por distância e antes de gravar vamos ensaiar juntas. E tour vamos fazer um mês na Europa, um mês no EUA e um mês na América do Sul.
Gegê: E como chegou no nome da Sonia?
Fernanda: A escolha dela foi uma coisa muito fácil porque eu e a Luana já éramos “fangirls” dela mesmo antes da ‘Burning Witches’, porque ela era baixista de uma outra banda de death metal, e acabamos encontrando ela e mantendo contato por internet. Aí tocamos junto com a banda dela e a conhecemos melhor. Quando nos perguntamos quem seria a guitarrista da banda, não tivemos dúvida de que chamaríamos ela. Teve aquele receio de ela dizer não, mas deu tudo certo! Já a Tainá foi ela que escolheu a gente, mandou mensagem e se pôs a disposição.
Foto: Divulgação Crypta
Edu: Agora mudou né, com duas guitarristas, a mudança foi natural?
Fernanda: Quando a gente criou o projeto, já tinha a ideia de ter duas guitarristas para ter uns duelos de solo, guitarras dobradas e enquanto a Tainá não mandou a mensagem, compusemos só em trio. Foi quase um ano assim. Tentamos várias meninas que não quiseram ou não puderam, ela apareceu na hora certa porque já tínhamos tentado muita gente!
Eduardo: E fechando agora com a gravadora Napalm Records, vocês já tem previsão para um lançamento?
Fernanda: Eu sempre tive uma relação super boa com a Napalm e quando eu fui me despedir deles pela saída da Nervosa, eles falaram que queriam ouvir o material novo da banda nova. E quando quiseram assinar, eu fiquei surpresa porque não sabia se queriam trabalhar com as duas bandas. Partiu totalmente deles. Foi muito bom porque eles são pessoas fáceis e boas de trabalhar. E conhecer as pessoas com quem você já trabalhava é bom demais, agora planejamento fica difícil por causa dessa pandemia porque queremos trabalhar juntas num estúdio e as pessoas precisam viajar e não dá para pôr as pessoas em risco a essa hora. Já temos material pronto, estamos mexendo nas coisas mas já temos músicas para um disco inteiro. Vamos deixar tudo pronto para a hora que a curva cair, só entrar no estúdio e fazer a coisa de forma rápida. Mas esse ano certeza que não! Se dependesse só da gente já estaríamos lá.
Eduardo: E vocês gravam em São Paulo mesmo?
Fernanda: A gente ainda está vendo isso, mas mais provável que seja em SP mesmo, porque aqui é mais fácil. Mixar talvez na gringa, teremos algumas reuniões para decidir isso.
Foto: Facebook Fernanda Lira
Gegê: E o nome Crypta? É muito foda!
Fernanda: Eu adorava o nome Nervosa, e Crypta achei demais, porque é feminino, que fosse fácil assimilar em várias línguas, e acima de tudo, que tivesse haver com death metal. Pensamos muito e lembramos de um day off na República Tcheca que visitamos uma crypta e achamos o nome demais! Demos uma pesquisada na internet e nos certificamos que não tinha ainda. Tem a cara do death metal!
Gema: O seu sonho de garota era tocar baixo e cantar numa banda?
Fernanda: Por incrível que pareça, não era. Inicialmente era só o baixo porque meu pai tinha um violão com as cordas soltas para simular um baixo e eu com 7 anos pirava em kiss e no Gene Simmons, aí ficava lá tirando as músicas. Cresci, comprei um baixo e descobri que gostava de cantar também. Na minha banda antes da Nervosa fazia os backing vocals e quando pintou a Nervosa elas estavam procurando uma baixista vocal e eu resolvi adaptar. O meu problema é que eu gosto muito de me mexer no palco e isso eu me contenho para poder cantar. Eu poderia tocar muito mais do que eu toco, mas cantar e tocar não da para florear muito! Me divido em três no palco, baixo, performance e voz. Tenho que planejar tudo em cima do palco.
Foto: Leandro Almeida
Eduardo: Você citou o Gene Simmons do Kiss e eu sei que você curte o Steve Harris também, mais alguns baixista que poderia citar como suas influências?
Fernanda: O Gene Simmons acho que é mais visualmente mesmo, de som eu gosto do Steve Harris, o Geddy Lee pela criatividade, Geezer Butler pela pegada, e mais para o pesado o Alex Webster do Cannibal Corpse, com aquele timbre estralado que é a minha característica, aliás em estúdio não sossego enquanto não chegar a esse timbre, e o Steve DiGiorgio, que hoje está no Testament mas eu curtia muito no Sadus.
Gegê: E como foi tocar no Rock in Rio?
Fernanda: Eu diria que é top 3 de experiência de carreira, um sonho realizado, já tinha ido em um antes de tocar e era o meu sonho. No dia chorei muito antes e depois. Saber que seu trabalho é reconhecido é muito bom, a gente não sabia o que ia esperar, foi um absurdo de bom. Subir no palco ver aquela galera curtindo, minha família, foi um dos momentos mais especiais da minha carreira! E tocamos em muitos festivais ao redor do mundo como na Colômbia, no México e o Wacken que eu considero realizado, não vou tocar lá mas o trampo foi feito, o nome da minha banda estava lá e só faltou subir no palco, mas pretendo realizar com a Crypta!
Eduardo: E o público? Qual te surpreendeu mais?
Fernanda: O mais louco aí na Europa é o povo da Europa oriental, os caras são insanos, República Tcheca. Mas o público latino não tem igual, porque é uma entrega muito forte, muito apaixonada pelo metal. É entrega a mil por cento e o EUA é curioso porque depende da região, e outro lugar muito louco foi no Japão!
A Nervosa realizou muita coisa e trabalhou muito para isso, minha vida era a Nervosa eu vivia cem por cento aquilo, suamos trabalhamos e chegamos ao objetivo, agora é trabalhar de novo e alcançar o mesmo patamar e voltar a subir nos palcos porque é muito bom mesmo! Mas só essa bagagem que temos torna a coisa mais fácil e os contatos também, então creio que será algo natural. Lançando o disco no dia seguinte quero estar na estrada!
Assista a entrevista na íntegra abaixo:
Discografia
Victim of Yourself
2014
Agony
2016
Downfall of Mankind
2018
Visite o site www.cryptaofficial.com
Designer e músico apaixonado por arte e rock n’roll. Gaúcho de Porto Alegre, já morou em São Paulo, Nova York e atualmente reside em Madri, na Espanha. Em seu currículo como músico tem passagem como baixista das bandas Rosa Tattooada (Porto Alegre), Jungle Junkies (NY) e Monodrive (SP).
Gema
46 anos dos quais 32 foram consumindo e tocando Rock n Roll.
Baterista, de bandas da cena de são Paulo e agora fazendo rock n roll na Espanha com a banda THE ROCK MEMORY.
Geraldo Andrade
Geraldo “Gegê” Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.
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Designer e músico apaixonado por arte e rock n'roll. Gaúcho de Porto Alegre, já morou em São Paulo, Nova York e atualmente reside em Madri, na Espanha. Em seu currículo como músico tem passagem como baixista das bandas Rosa Tattooada (Porto Alegre), Jungle Junkies (NY) e Monodrive (SP).