Entrevista exclusiva com a nova vocalista da banda Nervosa, DIVA SATÁNICA!
January 29, 2021 0 By Geraldo AndradeTivemos o prazer de conversar com a nova vocalista da Nervosa, DIVA SATÁNICA, que nos atendeu via skype, diretamente de Madri e contou muito sobre sua carreira, Bloodhunter, e a expectativa de fazer parte da nova formação de um dos maiores nomes do thrash metal internacional atualmente.
Diva Satánica já é reconhecida mundialmente por ser a vocalista da banda espanhola, Bloodhunter, mas após a inesperada notícia do rompimento de um dos maiores nomes do thrash metal nacional atualmente no exterior, a banda Nervosa, veio o anúncio da nova formação que encheu de expectativa não somente os fãs como o mercado mundial, sendo um dos lançamentos e shows mais aguardados para 2021. Fomos conversar com Diva Satánica, que nos atendeu diretamente de sua casa em Madri, na Espanha, para saber um pouco mais sobre a trajetória dessa diva do metal e tudo que está rolando com um dos maiores nomes do thrash metal mundial atualmente, a banda Nervosa. Check it out!
Foto divulgação Diva Satánica / Fonte Facebook oficial Diva Satánica
Eduardo: Olá Diva, tudo bem? Para começar muito obrigado por falar com a gente, onde você está?
Diva: Um prazer! Eu moro a 40 km de Madrid, nas montanhas, um lugar muito tranquilo.
Eduardo: Já esteve no Brasil ou ainda não?
Diva: Não, ainda não. Essa pandemia está me matando!
Eduardo: Alguma ideia de uma turnê no Brasil?
Diva: Sim, esse ano temos muitos planos de turnês mas ainda não sabemos o que vai acontecer, mas pela América Latina e Brasil, com certeza! Levamos quase um ano de pandemia e agora estão fechando aeroportos.
Eduardo: Vocês gravaram o disco em Málaga, na Espanha, não?
Diva: Sim, porque no verão europeu o governo disse que estava tudo bem e todo mundo viajou, e agora não se pode mais.
Eduardo: E como foi a gravação?
Diva: Em princípio um pouco estranho porque era a primeira vez que nos conhecíamos pessoalmente, então em tempos de pandemia, chegar em um aeroporto sem saber o que fazer, se abraçávamos ou não, foi estranho. Todas tinham feitos testes, todo mundo bem felizmente, e estávamos em um estúdio em uma casa longe de tudo, isoladas, onde só havia cavalos, nesse sentido foi genial porque estávamos em um paraíso e ficamos fechadas um mês juntas nos conhecendo melhor.
Foto Divulgação Nervosa
Gegê: Inclusive tem agora um documentário muito bacana sobre esse momento, muito divertido!
Diva: Sim, passávamos todo o dia dançando! Foi muito bom porque somos muito diferentes as quatro, falamos idiomas diferentes, de países diferentes e ao mesmo tempo somos muito parecidas, mentes abertas e temos os mesmos interesses. Nos demos muito bem!
Eduardo: Sim porque tem uma coisa em comum que é a música!
Diva: A Música não tem fronteiras! É verdade!
Gema: Você gostava de rock desde criança ou é uma novidade?
Diva: Eu comecei tarde porque na minha família ninguém gostava de rock, somente de música folclórica espanhola até que eu vi em um show de talentos na televisão, uma garota cantando “Livin’ On A Prayer ” do Bon Jovi e disse “Uau é isso que quero fazer!” , então fui a loja de discos e comprei o álbum ‘Slippery When Wet’ do Bon Jovi e comecei a comprar alguns discos, alguns gostava outros não, porque não sabia muito o que estava comprando na verdade, não tinha essa facilidade de buscar na internet, nem spotify, nada disso. Ia na loja e comprava pela aparência, tinha cabelo comprido eu comprava, e assim comecei. Fui saltando de estilos até chegar ao metal extremo, aos 20 anos mais ou menos, e a primeira vez que escutei não entendi porque gritavam, tive medo, mas como nos filmes de terror a gente tem medo mas quer ver mais e comecei a gostar, a pesquisar e me interessei pela cena black metal, o conceito, as maquiagens, a mitologia nórdica e me tornei uma “blacker”, como chamam aqui, com cinturão de balas, cara de brava, em meu carro só se escutava black metal e fui descobrindo outros estilos, bandas um pouco mais abertas, e pensei em aprender a cantar em gutural e a banda Bloodhunter me deu essa oportunidade, e assim aprendi.
Foto divulgação Bloodhunter
Eduardo: É legal porque as vozes de Bloodhunter e Nervosa são diferentes!
Diva: Isso é importante porque não queríamos que fosse igual, não faria muito sentido. O vocal gutural é complicado, bastante limitado, tende a soar igual e tive que achar o registro da voz do som da Nervosa juntamente com Martin, que foi o produtor do álbum, para soar mais parecido com os timbres da Nervosa e não ficar tão diferente, mas sem perder minha identidade.
Gegê: E por que o nome Diva Satánica?
Diva: Pela a música de Arch Enemy. Quando comecei com o Bloodhunter eu pensava que todo mundo tinha um nome legal, de demônios, e tive que pensar em um nome. Me lembrei dessa canção que era de um dos meus discos favoritos e me identificava com a letra, então pensei, esse nome vai ser meu.
Eduardo: BloodHunter e Nervosa já fizeram uma tour juntas, não?
Diva: Sim, em 2019 fizemos a abertura durante a passagem da Nervosa aqui na Espanha, e foi a primeira vez que falei com a Prika pessoalmente. Foi incrível porque ela veio se apresentar no primeiro dia, saber como estávamos e nos pareceu magnífico a atitude dela. Depois não tivemos mais contado, mas esses dias ficaram marcados na memória, todo mundo na Espanha ama a Nervosa e os shows estavam lotados. A energia era impressionante!
Eduardo: O público espanhol é muito louco, já fui em alguns por aqui e foram muito bons.
Diva: Sim, as pessoas na Espanha tem mudado muito. O público que escuta metal extremo está cada vez mais jovem e vão nos shows para se divertir, sempre com muita energia! As pessoas mais velhas aqui se guardam muito, são muito conservadoras.
Foto Divulgação Nervosa
Gema: Eu vivi dois anos na Espanha e achei o cenário de rock bem fraco, com poucos lugares para tocar.
Diva: Sim, é verdade! Existem lugares, mas vai pouca gente, então os bares tocam shows de rock até as 10 horas e depois viram discotecas, com pessoas já esperando do lado de fora para dançar reggaeton.
Eduardo: No Brasil também funciona assim em alguns lugares!
Diva: Aqui tem cidades que não acontece nada de nada, se você quer fazer um concerto, vão duas pessoas, em Madrid antes de toda essa pandemia, tinha até 5 concertos por noite em salas distintas e não se podia ir a todos, precisava eleger um.
Eduardo: Existem grandes festivais na Europa e com certeza a Nervosa vai participar!
Diva: Para esse verão tem vários festivais confirmados, Masters Of Rock da Republica Tcheca, um na Bulgária, Metal Fest, muitas coisas marcadas, mas ainda não sabemos, porque julho me parece muito perto para que tudo isso tenha passado. Hoje na Espanha disseram que vão parar de vacinar por falta de vacinas, assim que parece difícil que vá melhorar, já devíamos ter muitas pessoas vacinada nesse momento.
Foto Divulgação Nervosa
GG: Falando nisso, você também é enfermeira psiquiátrica né?
Diva: Sim, há 10 anos! É interessante e diferente de como se trabalha na enfermaria normal, não tratamos ferimentos, fazemos terapias em grupo, ajudamos as pessoas a tomar as medicações, fazemos muitas coisas pelas pessoas mais pobres. Atuo em um dos bairros mais perigosos de Madri. Te ensina muito! Damos mais valor as coisas e a sorte que temos.
Gema: Você gosta mais de cantar ou de trabalhar na saúde?
Diva: Cantar, claro! Trabalhar na saúde é muito bonito mas cansa, existem dias muito difíceis!
Gegê: E este trabalho já te inspirou para compor alguma música?
Diva: Sim, porque as pessoas que sofrem de algum mal se identificam com pessoas que são diferentes e aqui na Espanha, quem toca metal extremo são pessoas estranhas, diferentes, mal vistas, não muito aceitas pela sociedade, então existe essa empatia e eles acabam desabafando com a gente. São experiências as vezes terríveis, como um filme de terror, então quando se para para refletir sobre as coisas que te contam, das coisas que eles pensam, da muito respeito, mas também da para escrever muitas coisas, as vezes o que estão mais tristes te surpreendem, te dão presentes que eles fazem com muito carinho, nos inspira.
Gema: E essas pessoas sabem que você é vocal de uma banda muito conhecida?
Diva: Acredito que de Nervosa ainda não, mas há alguns anos eu estive no The Voice da Espanha e fiquei bem conhecida, as pessoas dizem que não assistem, mas todo mundo viu. Me lembro que no primeiro que fui trabalhar depois de aparecer na TV todo mundo começou a aplaudir, só o chefe que não gostou! Eu adorei, depois disso me senti muito liberada, não tive que esconder mais nada.
Gema: Como está a relação com as outras garotas da banda? Se falam todos os dias?
Diva: Sim, agora mesmo estou falando com elas no whatsapp. Nos falamos todos os dias. Nos adaptamos ao fuso das outras principalmente ao de Prika e estou aprendendo um pouco de português, sou da Galícia e entendo bem o português, mas falo muito mal, a pronúncia é diferente. A Prika está nos ensinando muitas coisas, “Quero café”, nos encanta, Mia nos ensina italiano, só o grego que é impossível!
Eduardo: Você também era colaboradora da revista ‘La Heavy’ aqui da Espanha, ainda está com eles?
Diva: Agora já não posso mais, estou sem tempo, mas colaborei por quase 10 anos e foi um jeito de eu entrar para a cena quando me mudei para Madri. Não conhecia ninguém, me vesti a caráter e fui bater na porta das redações das revistas que conhecia, recebi vários nãos, menos na ‘La Heavy’. Estavam buscando alguém que fizesse reviews de bandas de metal extremo e consegui. A primeira resenha que fiz foi de metal sinfônico, mas foi muito bom porque conheci muitas bandas e pessoas que nem imaginava conhecer. Aprendi muito e foi bom porque também não tinha dinheiro para pagar todos os shows que queria assisti e trabalhando ganhava as entradas, só precisava fazer as resenhas. Também me ajudou muito como vocalista, ficava bem na frente e sempre prestava muita atenção nos vocalistas, tomava notas, ficava sempre olhando para eles!
Gegê: Chegou a cobrir algum show do Bon Jovi?
Diva: Não, mas pude ir em um e a idade média das pessoas era acima dos 50! Foi ótimo porque era uma época de crise e o Bon Jovi colocou os ingressos bem baratos.
Gegê: Qual a expectativa de tocar no Brasil? A Prika te falou do público brasileiro?
Diva: Sim, mas a primeira coisa que a Prika disse foi que não podemos tocar agora no Brasil porque claro, existe a covid, e no Brasil todos gostam de tocar nas pessoas e isso seria perigoso nesse momento! Temos muita vontade de fazer um concerto, todos querem ir aos shows, não aguentamos mais. Por enquanto somente através de vídeos e se tem streaming, eu compro, é a única coisa que podemos fazer agora.
Eduardo: Por falar em vídeos, os da Nervosa estão muito legais!
Diva: Sim, tínhamos muita expectativa com “Under Ruins”, porque é um pouco diferente dos outros singles e poderia surpreender e gostarem dessa linha. O álbum tem músicas de estilos muito diferentes, algumas como Motorhead, outras mais clássicas, algumas muito thrashes e algumas mais black metal, eu acredito que as pessoas vão gostar muito por isso, têm muitos estilos e pode atingir um público maior.
Eduardo: Tem mais algum vídeo para sair?
Diva: Acredito que não, mas depende de quanto tempo vamos ficar nessa situação, se demorar mais para tocarmos, vamos ter que pensar em outro single ou um streaming, mas não achamos que seria a melhor forma de começar porque ainda não nos viram ao vivo, mas se não tiver outra forma, teremos que pensar nisso.
Foto Divulgação Nervosa
Eduardo: Você conhece algumas bandas do Brasil?
Diva: Sim, eu era muito fã do Angra! Torture Squad.. Mayara é incrível, NervoChaos… não conheço muito do underground, mas as mais conhecidas sim.
Gegê: Você vai conseguir conciliar as agendas da Nervosa e Bloodhunter?
Diva: Sim porque Bloodhunter é um projeto mais underground e não conseguimos tocar muito. Ter uma banda na Espanha é um hobby porque todo mundo precisa trabalhar para sobreviver. Não se ganha muito tocando e eu falei com eles. Tenho muita sorte porque me apoiaram, não temos problema com isso. Quando pudermos vamos tocar, mas como agora não podemos tocar…
Eduardo: Bloodhunter é uma banda muito boa também!
Diva: Sim, são músicos incríveis! Guilhermo, um dos guitarristas, veio do hard rock, nunca havia tocado em uma banda de metal extremo. É professor de guitarra e tem composto muitas coisas diferentes, com teorias, o baixista também nos traz influências de outros estilos, eu sempre digo que em Bloodhunter se não fosse por minha voz, poderia ser uma banda de heavy metal tradicional.
Gema: Já sabem alguns lugares que vão tocar depois de tudo isso?
Diva: Brasil, Espanha, Itália e Grécia com certeza!!!!!
Eduardo: Muito obrigado Diva! Foi um prazer falar com você obrigado pela atenção! Ficamos na espera para ver a Nervosa ao vivo!
Diva: Obrigada a todos vocês, foi um prazer e tomara isso tudo acabe logo!!
Assista a entrevista na íntegra abaixo:
Confira alguns Vídeos:
Discografia
“Perpetual Chaos
Nervosa
2021
“Live In Madrid”
Bloodhunter
2020
“The End Of Faith”
Bloodhunter
2017
“Bloodhunter ”
Bloodhunter
2014
“Ages Of Darkness”
Bloodhunter
2014
“The First Insurrection “
Bloodhunter
2012
Geraldo “Gegê” Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.
Gema
Gema. 46 anos dos quais 32 foram consumindo e tocando Rock n Roll.
Baterista, de bandas da cena de são Paulo e agora fazendo rock n roll na Espanha com a banda THE ROCK MEMORY.
Edu Rod
Designer e músico apaixonado por arte e rock n’roll. Gaúcho de Porto Alegre, já morou em São Paulo, Nova York e atualmente reside em Madri, na Espanha. Em seu currículo como músico tem passagem como baixista das bandas Rosa Tattooada (Porto Alegre), Jungle Junkies (NY) e Monodrive (SP).
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Geraldo "Gegê" Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.