Entrevista Exclusiva com a baterista da CRYPTA, LUANA DAMETTO!
August 30, 2021 0 By Geraldo AndradeTivemos a honra de conversar com a baterista gaúcha Luana Dametto, que nos contou sobre a nova banda Crypta, além de grandes histórias de sua época na Nervosa e onde tudo começou, Apophizys. Confira!
Luana Dametto saiu de Tapejara, interior do Rio Grande do Sul, e se tornou a baterista de uma das bandas de thrash metal brasileira de maior repercussão no exterior, a Nervosa, rodando o mundo, tocando nos maiores festivais do estilo e turnês com os grandes nomes do heavy metal mundial. No ápice da carreira, veio a divisão da banda, que acabou gerando a Crypta, sua nova banda de death metal, onde juntamente com a baixista e vocalista Fernanda Lira e as guitarristas Sonia Anubis e Tainá Bergamaschi, estão lançando seu ótimo primeiro trabalho, “Echoes of the Soul” . Com tantas histórias para contar, fomos falar com a própria Luana e saber tudo que está por vir. Check it out!
Foto Divulgação Oficial Luana Dametto Crypta
Eduardo: Queria iniciar falando da Crypta, como foi esse começo?
Luana Dametto: A gente estava na Nervosa ainda e a Crypta surgiu como um projeto paralelo. Eu queria fazer death metal na época, treinar algumas coisas diferentes, coisas que talvez não fossem encaixar na Nervosa e aí surgiu a ideia. Falei com a Fernanda sobre a minha vontade de fazer alguma coisa diferente e ela achou massa. A gente chamou a Sonia Anubis que é guitarrista e já tinha aberto pra Nervosa com a banda dela Burning Witches, foi ali que a gente conheceu ela pessoalmente. A gente sabia que ela curtia death metal porque ela era baixista de uma banda de slam death metal e aí começou. Toda folga que a gente tinha a gente ia compor, mas nada com muita velocidade porque era um projeto paralelo pra todo mundo. Quando rolou a pandemia e a gente acabou saindo da Nervosa, foi que virou uma coisa seria. Começamos a procurar outra guitarrista e ir atrás de um nome, um logo, oficializar o que tinha que oficializar, começamos a postar no Instagram só para o pessoal entender que a gente iria continuar na música, e aí a Tainá enviou uma mensagem para a Fernanda se oferecendo, foi bem na época que a gente estava atrás de guitarrista e estava difícil achar alguém com os critérios que a gente precisava, e ela caiu do céu! No outro dia ela já enviou uma foto e a gente anunciou a Crypta com um total de zero coisas conquistadas e foi assim! De lá pra cá a gente compôs, gravou, da forma mais segura possível por causa da pandemia e estamos trampando na divulgação do disco de casa.
Foto Divulgação Oficial Crypta
Gegê: E como foi a adaptação da Sonia, ela nunca tinha vindo ao Brasil, né?
Luana Dametto: Não, ela curtiu pra caralho o Brasil, chegou pulando de alegria! Quis experimentar todas as comidas que ela nunca tinha comido. Passou mais de uma semana comendo arroz, feijão e bife. Estava super empolgada!
Gegê: Não rolou um churrasco?
Luana Dametto: Rolou, rolou! Não foi um baita churrasco mas foi bem legal!
Eduardo: Vocês começaram a banda online, mas quando se juntaram pra tocar pela primeira vez, deu a liga? Como foi?
Luana Dametto: Foi bem interessante, porque a gente só tinha ensaiado as músicas separadas. Gravamos e mixamos o disco sem ter nunca tocado juntas. Entre as gravações eu cheguei a tocar rápido com a Tainá pra aquecer, mas ensaiar só depois de tudo finalizado e rolou bem! Na próxima vez a gente vai ensaiar como se fosse um show, com interação.
Foto Divulgação Oficial Luana Dametto Crypta
Gema: Quais são as sua influências e porque a bateria?
Luana Dametto: Eu comecei com o Joey Jordison do Slipknot, na época também me influenciou bastante o Vinnie Paul do Pantera, aprendi muitas coisas de pedal duplo, muitos grooves e tal. Um cara chamado Kerim “Krimh”, eu adoro ‘Decapitated’ e ele foi baterista uma época, e o Derek Roddy do Hate Eternal. Eu não sou muito fã do Hate Eternal, mas na época que eu comecei a tocar foi o cara que eu vi fazer blast beat pela primeira vez.
Bateria foi bem aleatório pra falar a verdade, eu tinha onze anos quando decidi tocar e ouvi que o amigo do amigo do primo tinha uma bateria, eu não estava fazendo nada, não tinha pra onde ir porque a cidade é pequena. O amigo do primo parecia um cara massa porque tocava um instrumento, eu quis tocar também, ganhei a batera e nunca mais parei!
Gema: E como foi chegar em uma banda grande vindo do interior do Rio Grande do Sul?
Gegê: Já conta da sua primeira banda, foi em Passo Fundo né?
Luana Dametto: Em Passo fundo tinha duas bandas de death metal, uma formada por irmãos e a outra que eu entrei, a Apophizys. A banda dos irmãos eu não conseguiria entrar e só sobrava uma opção. Eu joguei muita “zica” para que eles ficassem sem baterista e o cara acabou saindo mesmo da banda, como não tinha outra pessoa, que aqui é meio escasso de batera, eu me joguei e deu certo, fiquei na banda por 6 anos até a Nervosa me chamar. Eu estava na faculdade e a Prika me adicionou no Facebook, eu estranhei, procurei na internet e achei as notícias que elas estavam sem batera. Ela entrou em contato comigo pra fazer uma audição, fui pra São Paulo e passei. Elas tinham perguntado pro Edu do NervoChaos se ele conhecia alguém, eles já tinham tocado aqui com a Apophizys, foi muito louco!
Eduardo: Entrou e já foi em turnê?
Luana Dametto: Sim, já fiquei em São Paulo, fizemos uma mini tour no Nordeste e depois já rolou uma tour com o Destruction. Eu não sabia falar inglês, não sabia nada… parecia uma louca, perdida, mas aprendi aos poucos e fui melhorando com o tempo.
Foto Divulgação Oficial Luana Dametto Crypta
Gegê: E o Rock In Rio, como foi?
Luana Dametto: Tocar no Rock In Rio é um sonho pra maioria das pessoas que tocam no Brasil. Os teus amigos vão assistir, tua família, passa na tv, vai ficar gravado, não é como tocar em um festival grande fora do Brasil, todo mundo que você conheceu na vida vai assistir, então acho que foi o festival que eu mais senti pressão. Acho que poderia ter tocado melhor, mas eu estava tão ansiosa para entrar no palco que eu achei que não ia conseguir tocar direito.
Eduardo: E desses shows fora, algum que te surpreendeu mais?
Luana Dametto: Acho que um que me marcou foi no ‘Altavoz’ na Colômbia, que é gigantesco e eu não sabia. Imaginei que fosse um show pequeno e chegamos em um Rock In Rio Colômbia e tocamos pra 30 mil pessoas, foi um dos maiores shows que eu fiz na minha vida.
Foto Divulgação Oficial Luana Dametto Crypta
Gema: E dessas bandas gringas que vocês tocaram juntos, qual que você gostou mais?
Luana Dametto: Tem tantas, a gente tocou com o Havok no Brasil, eu diria que foi uma das bandas que eu mais curti tocar junto, os caras são muito gente boa e super profissionais, acho que foi uma das bandas que mais gostei de viajar junto. O Warbringers também, dos Estados Unidos. A gente não chegou a fazer tour, só tocou alguns shows, é uma das bandas que eu mais gosto, os caras são profissionais e legais com as pessoas. Venom Inc. também foi uma surpresa muito boa, os caras foram maravilhosos, um exemplo de profissionalismo e “broderagem” com as outras bandas e o público. Acho que essas três bandas!
Gema: E como tá a agenda da Crypta?
Luana Dametto: Esse ano ia ter uma tour, mas é claro que com a pandemia foi cancelado. Tem uma coisa confirmada em outro país mas a gente não divulgou ainda, o problema é a pandemia, se a gente conseguisse vacinar as duas doses até outubro, o que sinceramente não vai acontecer, a gente ia tocar em um baita Fest em outro país. Se não rolar, pro ano que vem já tem várias coisas confirmadas, por enquanto saiu o Wacken, e uma tour com o Deicide e Krisium, e tem outras, uma em particular com uma banda bem grande do death metal que estamos loucos pra anunciar, mas só ano que vem.
Foto Divulgação Oficial Luana Dametto Crypta
Eduardo: Pareceu uma má notícia quando foi divulgado que vocês tinham se separado, mas o trabalho das duas bandas ficaram muito bons!
Luana Dametto: Valeu! A gente sentia que não tinha mais paixão de fazer as coisas juntas. A gente podia ter continuado a banda, não tinha briga nem nada, só não tinha mais a liga, tem vária bandas que continuam dessa forma, por causa da grana, por estar consolidado, mas viram aquelas bandas que vão apagando porque você não está mais comprometido com a música da forma que deveria. Tenho certeza que um monte de gente iria continuar curtindo, mas acho que iria acabar apagando porque a gente não estaria dando tanta importância pro que a gente estaria fazendo. Chegando nesse ponto, pelo menos a gente achou melhor parar e fazer algo que tenha importância pra todo mundo. Melhor continuar com paixão que fazer uma coisa vazia só para não decepcionar. E agora que finalmente as bandas lançaram material, é a hora que a gente provar que isso funciona, ninguém precisa ficar em uma banda sem ter essa vontade de estar fazendo a mesma coisa, é melhor que cada um siga o seu caminho e esse é o resultado, materiais melhores e pessoas mais felizes.
Eduardo: Concordamos plenamente, desejamos muito sucesso pra vocês e aguardamos a oportunidade de ver vocês tocando ao vivo!
Luana Dametto: Tomara que a gente toque até no Rio Grande do Sul que é sempre muito bom tocar em casa. Eu agradeço pela entrevista, valeu mesmo!
Assista a entrevista na íntegra abaixo:
Confira alguns Vídeos de Luana Dametto:
Discografia
“Echoes Of The Soul“
Crypta
2021
“Freakshow” (single)
Nervosa
2019
“Downfall of Mankind,“
Nervosa
2018
“Souls Dragged into the Abyss of Torment”
Isfet
2016
“Into the Chaos“
Apophizys
2015
“Demo Rehearsal”
Apophizys
2013
Geraldo “Gegê” Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.
Gema
Gema. 46 anos dos quais 32 foram consumindo e tocando Rock n Roll.
Baterista, de bandas da cena de são Paulo e agora fazendo rock n roll na Espanha com a banda THE ROCK MEMORY.
Edu Rod
Designer e músico apaixonado por arte e rock n’roll. Gaúcho de Porto Alegre, já morou em São Paulo, Nova York e atualmente reside em Madri, na Espanha. Em seu currículo como músico tem passagem como baixista das bandas Rosa Tattooada (Porto Alegre), Jungle Junkies (NY) e Monodrive (SP).
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Geraldo "Gegê" Andrade blogueiro e vlogueiro a mais de 15 anos. Iniciou sua paixão pelo rock n roll, nos anos 80, quando pela primeira vez, ouviu um álbum da banda KISS. Tem um currículo com mais de 500 shows, de bandas nacionais e internacionais. Um especialista em entrevistas, já tendo entrevistado vários músicos nacionais e internacionais.