O produtor Mutt Lange, teve a brilhante ideia de levar a banda para um estúdio em Bahamas, buscando grande distanciamento da rotina de ensaios e shows dos caras, entendendo ser um ambiente apropriado para novas inspirações e também para buscar entrosamento entre os compositores, os irmãos Malcolm e Angus Young e o novo vocalista Brian Johnson.
As badaladas de sino em “Hells Bells” – que a torcida são paulina (incluindo o autor) irá associar ao ídolo Rogerio Ceni, por ser a música tema de sua entrada em campo – parecem que já anunciavam o que estava por vir. Um marcante riff de guitarra e um vocalista com a voz ainda mais rasgada do que a de seu antecessor, com digital própria e sem desfigurar em nada o som da banda.
Mesmo depois um som forte e pesado, como se o ouvinte tivesse realmente sentindo o impacto de um sino de meia tonelada, vem a ótima “Shoot To Thrill”, ainda presente no set list da banda, que também foi trilha sonora e parte do clipe promocional do filme “Homem de Ferro 2”. Afinal, super heróis e música de qualidade, não morrem nunca.
Depois das primeiras ótimas impressões, “What Do You Do For Money Honey” vem aquela pergunta que se repete durante toda audição do álbum: quando chegará a vez daquela música mais fraca? Melhor não desperdiçar seu tempo com isso.
“Givin’ The Dog a Bone” e “Let Me Put My Love Into You”, são outras músicas incríveis e que ajudam a lembrar que existe uma excelente cozinha formada pelo baixista Cliff Williams e pelo baterista Phill Rudd, que são fundamentais para destacar as inigualáveis bases de guitarra, os solos insanos e a marcante voz do novo integrante, que parecia fazer parte da banda antes mesmo dela ter sido criada.
E o melhor, ainda estava por vir . . .
Como descrever a música título “Back In Black”? Talvez como a melhor música da banda, aquela com presença obrigatória em qualquer lista de hinos do rock de todos os tempos, a que bateu recordes de downloads mesmo décadas depois de seu lançamento, ou ainda, tão boa que até a Shakira ficou com vontade de cantar. Qualquer descrição será insuficiente, melhor ouvir novamente esse clássico enquanto estiver lendo o texto e em volume máximo, por favor.
Mesmo com todas as descrições acima, “You Shook Me All Night Long” não fica devendo em nada à sua antecessora. Que ritmo! Que riff! Que solo! Que refrão maravilhosamente grudento! Outro verdadeiro hino!
Depois de todas essas faixas, parece que a banda escolheu propositalmente “Have A Drink On Me”, que literalmente significa “uma rodada por minha conta”. Tamanho será o estado de êxtase do ouvinte, que é bem provável que o sujeito grite essa frase para o bar inteiro ouvir.
“Shake A Leg” é apenas mais uma ótima música do álbum e ainda finalizam com a ousadia de mandar um recado para a eternidade: “Rock And Roll Ain´t Noise Polution”. O rock não é mesmo uma poluição sonora, é arte em sua mais profunda expressão através da música e o álbum “Back In Black” foi gravado justamente para dizimar qualquer dúvida a respeito.